//Teixeira dos Santos garante que EuroBic executou “ordens legítimas”

Teixeira dos Santos garante que EuroBic executou “ordens legítimas”

Presidente do EuroBic diz que desconhecia que Isabel dos Santos tinha ligações à Matter Solutions. E que pediu uma “auditoria para esclarecer essa situação”.

O presidente do EuroBic, Teixeira dos Santos, garante que as transferências da Sonangol executadas pelo banco por ordem da empresária Isabel dos Santos foram “legítimas”.

Em entrevista à RTP, esta quinta-feira, o antigo ministro das Finanças afirmou que “foram ordens legitimas, dadas por quem estava legitimado para as dar, em tempo em que as podia dar e por isso foram executadas por este banco”.

Teixeira dos Santos sublinhou que as ordens para as transferências “foram dadas antes de ter vindo a público a notícia da exoneração [de Isabel dos Santos da presidência da Sonangol]”. E que o “serviço de compliance analisou a documentação de suporte às transações” considerando-as “legítimas”. O presidente do EuroBic frisa também que a “Sonangol nunca reclamou destes movimentos. Nunca foram questionados”. A petrolífera angolana, assegura, “nunca interpelou o banco, nunca o questionou, nunca pôs em causa os movimentos”.

Teixeira dos Santos disse ainda que “desconhecia que a Matter Solutions tinha alguma coisa a ver com engª Isabel dos Santos”. E que em reação pediu uma “auditoria para esclarecer essa situação”. A Matter Solutions é a empresa com sede no Dubai para a qual foram feitas as transferências ordenadas por Isabel dos Santos da conta da Sonangol no EuroBic, e que, revelaram os documentos do Luanda Leaks, era detida e gerida por pessoas da confiança da empresária angolana.

O gestor do EuroBic diz que esses movimentos “não tinham que ser reportados ao Banco de Portugal”, mas que o “Conselho de Administração, no dia imediato [à saída das notícias] deliberou entregar o processo ao Banco de Portugal com todas as informações”.

O responsável pelo banco, detido em 42,5% por Isabel dos Santos, sublinha que o EuroBic “não tem que sofrer com a suspeição que se possa colocar sobre a engª Isabel dos Santos em torno da gestão da Sonangol. Esse é um problema entre a Sonangol, o estado angolano e Isabel dos Santos, não tem que ser um problema deste banco. Este banco cumpriu e bem as suas obrigações relativamente a um cliente chamado Sonangol”.

Nesta entrevista, Teixeira dos Santos defendeu a sua atuação como responsável máximo da instituição, sublinhando que o banco cortou as relações comerciais com a sua acionista e encetou contactos para que vendesse a posição e renunciasse aos seus direitos de voto. “Significa grande coragem, ousadia e sinal de profissionalismo do Conselho de Administração”. Foi um ato que considera “inédito” para “evitar que as notícias possam prejudicar o banco”.

Não nega que houve “dano, não é bom para o negócio, mas não põe em causa o banco. O banco está sólido, robusto”, sublinhou.

Questionado pelo jornalista da RTP sobre se houve uma corrida aos depósitos, Teixeira dos Santos não respondeu.

Sobre a venda da posição de Isabel dos Santos, confirmou que “há manifestações de interesse, há contactos empenhados para que rapidamente tenhamos solução para se conseguir concretizar o afastamento de Isabel dos santos do banco”, mas não falou sobre possíveis interessados.

“Não fui eu que vendi” o BPN

Quanto ao facto de ter assumido responsabilidades num banco que nasceu da venda do BPN, Teixeira dos Santos afirmou que “enquanto ministro das Finanças tomei a decisão, que não foi fácil, de nacionalizar um banco que era um risco para o sistema financeiro”, mas esclareceu: “Não fui que vendi o banco, já não era ministro. Foi o governo seguinte que vendeu o banco”.

Além disso, sublinhou que foi “convidado cinco anos depois, atravessei um período de nojo suficientemente longo, não vejo aqui conflito de interesses”.

O gestor considera ainda que a sua reputação não fica afetada por trabalhar num banco detido por Isabel dos Santos. “A engenheira Isabel dos Santos foi elogiada, muito venerada [no passado], e por isso eu creio que estar num banco em que ela é acionista não tem necessariamente de manchar a reputação de quem aqui tem procurado fazer um bom trabalho”, defende na RTP.

O presidente do EuroBic diz que o “banco tem continuado a funcionar com toda a normalidade”, e que vai entregar um banco melhor do que aquele que recebeu.

Notícia atualizada às 22.20 com mais informação

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