//“Terminámos um ciclo de crescimento” na concessão de crédito”

“Terminámos um ciclo de crescimento” na concessão de crédito”

“A crise apresenta um desafio tremendo a todos os setores de atividade e a banca não é exceção”, considera Miguel Couto, diretor comercial do Banco Credibom. A febre na concessão de crédito em Portugal parou com a epidemia viral. A tendência daqui em diante “será obviamente negativa. A dimensão do impacto nos bancos está por apurar, visto que esta crise obriga a uma gestão com uma forte componente ‘de navegação à vista’”, sublinhou em declarações em Dinheiro Vivo.

Em Portugal, a concessão de crédito tem batido recordes, tanto no crédito para compra de casa como ao consumo. Mas as empresas de crédito especializado não escapam aos impactos fortes que a crise está a ter na economia.

“A duração desta pandemia que é um dois em um, [isto é, uma de saúde e outra de medo e perda de confiança], será crucial para determinar a profundidade da quebra, combinada com o impacto no desemprego que a mesma provocar”, lembrou Miguel Couto. “O nível do crédito ao consumo tem uma correlação fortíssima com o grau de confiança do consumidor”.

“Em abril, a quebra de atividade do Credibom foi um pouco superior a 50%, sendo um pouco mais penalizadora no financiamento automóvel. De qualquer forma, foi bem inferior aos cenários mais pessimistas que poderíamos antecipar em meados de março”.

“Terminámos um ciclo de crescimento iniciado há uns anos, e outro se iniciará após esta crise que apesar de substancialmente diferente na origem, as variáveis que irão permitir a sua recuperação, serão similares a todas as outras anteriores”, alertou Miguel Couto.
Para ajudar as famílias a lidar com a crise, o governo aprovou uma moratória legal que abrange os

contratos de crédito à habitação. A ASFAC – Associação de Instituições de Crédito Especializado lançou uma moratória voluntária para o crédito ao consumo, que abrange linhas de crédito e cartões.

“O Banco Credibom foi o primeiro dos especializados no crédito ao consumo, a possibilitar a moratória aos clientes em Portugal. Posteriormente, aderimos e enquadrámo-nos na moratória privada da ASFAC, cujo o âmbito é mais extenso do que a moratória legal criada – que como sabemos ignorou o crédito ao consumo a particulares”, sublinhou o responsável do banco.
A carteira “sem atrasos” do banco era, no final de março, de 1,8 mil milhões de euros, correspondendo a cerca de 220 mil contratos ‘vivos’ e 200 mil clientes ativos. O banco admite um prolongamento do prazo da moratória, que atualmente está fixado no final do mês de setembro.

O Credibom, que pertence ao grupo Credit Agricole e emprega cerca de 400 colaboradores, registou em 2019 lucros líquidos de 38,4 milhões de euros, mais 2,1 milhões do que no ano anterior. O volume de crédito concedido aumentou 10,7%, ascendendo a 819,6 milhões de euros, com o crédito clássico a manter-se como o principal produto comercializado na empresa, representando 95,3% do volume total de crédito concedido.

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