//Tesouro arranca o ano com mega emissão de dívida

Tesouro arranca o ano com mega emissão de dívida

O Tesouro vai arrancar a todo o vapor com o plano de financiamento de 2019. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) quer obter 15,4 mil milhões de euros em dívida de médio e longo prazo durante o ano. Uma parte significativa desse valor poderá ficar garantida já nas próximas semanas, através de uma emissão sindicada.

Portugal deverá avançar em breve para uma operação assegurada por um sindicato bancário. Este tipo de emissões tende a envolver valores bem maiores que os leilões regulares de dívida do Estado. No mercado já se espera por esta ida ao mercado.

O Commerzbank afirmou, numa nota a investidores divulgada esta quinta-feira, que Portugal deverá arrancar o plano de financiamento com uma operação sindicada de dívida de longo prazo. Michael Leister, analista do banco alemão, detalhou ao Dinheiro Vivo que espera uma operação a envolver títulos a dez anos, e que resulte num financiamento de entre 3,5 mil milhões e quatro mil milhões de euros.

A confirmarem-se esses valores, o Tesouro arrancaria 2019 já com mais de 20% do objetivo do ano assegurado. Esta estratégia de iniciar o ano com emissões consideráveis de dívida tem sido seguida nos últimos anos pelo IGCP.

Em 2018, por exemplo, o Tesouro iniciou o plano de financiamento com uma operação sindicada que permitiu angariar quatro mil milhões de euros em dívida a dez anos. E no início de 2017 o plano de financiamento também teve um arranque forte, apesar de nessa altura os juros estarem em valores elevados. Esse ano arrancou com uma emissão de três mil milhões a dez anos, com uma taxa acima de 4%.

Juros a 10 anos em 1,8%

Portugal entra em 2019 com os juros em níveis historicamente baixo. No mercado secundário, que serve como um barómetro de quanto o Tesouro terá de pagar para se financiar, os investidores exigem uma taxa de 1,81% para deterem obrigações nacionais a dez anos. O juro é mais baixo que o custo médio de toda a dívida do Estado, o que é mais um argumento a favor de se realizar uma das maiores emissões de todo o ano já nos próximos dias.

Além disso, as perspetivas para as obrigações da zona euro durante 2019 são incertas e o mais provável é os juros exigidos pelos investidores voltarem a subir. O Banco Central Europeu (BCE) terminou as compras líquidas de dívida no final de 2018. Vai limitar-se nos próximos tempos a reinvestir os títulos que vão atingindo a maturidade.

A autoridade monetária está também a preparar o terreno para começar o processo de subida dos juros. Outro foco de incerteza é a possibilidade de uma vitória de partidos anti-euro nas eleições europeias de maio, cenário que criaria instabilidade no mercado. Apesar desses riscos, Michael Leister não antecipa problemas para Portugal na execução do plano de financiamento. “Os 15,4 mil milhões são mais altos que a nossa estimativa, mas estão totalmente em linha com as expectativas do mercado e não são motivo de preocupação”.

Além dos 15,4 mil milhões em Obrigações do Tesouro, o IGCP conta com um impacto positivo de 600 milhões de euros no financiamento através de Bilhetes do Tesouro, segundo o plano de financiamento divulgado esta sexta-feira. Já as famílias deverão, pela primeira vez nos últimos anos, ter um contributo nulo no financiamento do Estado. A agência liderada por Cristina Casalinho irá também aproveitar eventuais “oportunidades para realizar operações de troca e recompras de títulos serão exploradas”.

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