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Quase dois terços das empresas portuguesas de têxtil e vestuário registaram quebras de faturação superiores a 10% no mês de janeiro, sensivelmente as mesmas que admitem que a situação se manterá durante todo o primeiro trimestre. Os dados são do mais recente inquérito da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) sobre o impacto da pandemia no setor, as expectativas de evolução e as medidas de apoio necessárias.
Em comunicado, a associação reclama por “mais justiça e mais apoios” para as empresas da fileira, já que 30% dos inquiridos têm quebras de vendas entre 10 e 25%, estando, por isso, a “viver um situação muito difícil”, dado que não podem aceder ao apoio á retoma progressiva, válido para perdas iguais ou superiores a 25%.
O setor reclama, por isso, uma alteração às medidas de apoio, de modo a abrangerem “mais empresas”. Pretende a ATP que o apoio à retoma progressiva seja aplicado a todos os que têm quebras iguais ou superiores a 15%.
Sobre o impacto da covid-19 nos negócios da têxtil, 16% dos inquiridos tem perdas de mais de 40%, sendo que, em 4% dos casos, estas são mesmo superiores a 75%. Mas também há 25% das empresas que não tiveram qualquer redução de faturação em janeiro. Já nas expectativas para o primeiro trimestre, esse número baixa para 19%. E são 19% as que estimam fechar o trimestre quebras acima dos 40%.
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O inquérito, que contou com cerca de uma centena de respostas, mostra, ainda, que 65% das empresas recorreu às linhas de crédito criadas pelo Governo e que 40% aderiram às moratórias. O diferimento de impostos foi requerido por 19% dos inquiridos, havendo 15% que receberam o incentivo extraordinário à normalização e 23% que aderiram ao apoio à retoma progressiva. Significativos, são, ainda, os dados referentes ao Lay-Off: há 5% das empresas que aderiram a este regime, na sua versão normal prevista no Código do Trabalho, mas os empresários que consideram vir a utilizar este instrumento ao logo do primeiro trimestre sobe para 19%.
A maioria dos inquiridos reclama, por isso, a reintrodução do regime de Lay Off Simplificado, aplicável a todas as empresas, e não apenas às que são encerradas por imposição legal, considerando que, desta forma, seria introduzida “maior justiça” na cadeia de valor. “Não é apenas o retalho que está com dificuldades, quem está a montante na cadeia de valor está igualmente em dificuldades”, sublinha a ATP
A fileira têxtil pede, ainda, “justiça igualmente no acesso a medidas como o APOIAR”, medida a que a indústria não tem acesso, e reclama que os trabalhadores que estão em casa para assistência a filhos menores , devido ao encerramento de escolas, sejam pagos pela Segurança Social.
Ainda sobre o apoio à retoma progressiva, os empresários pedem que a quebra de encomendas seja tida em conta na definição de crise empresarial, e não apenas a perda de faturação. “Os clientes estão a ter muitas dificuldades e a atrasar os pagamentos às empresas produtoras”, frisa a ATP.
Isenção da TSU para os trabalhadores abrangidos pelas medidas de redução ou suspensão do período de trabalho, medida que deveria igualmente contemplar empresas com mais de 250 trabalhadores, é outra das exigências feitas, como forma de “apoiar a manutenção dos postos de trabalho nestas empresas, que têm um papel importante do ponto de vista do emprego e social”.
Sobre as linhas de crédito, os empresários pedem um “reforço dos montantes e maior flexibilidade de pagamento”, solicitando, ainda, “uma componente de apoio a fundo perdido para capitalizar as empresas”.
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