O embaixador português em Madrid diz estar “confiante de que podemos ter boas surpresas na questão dos prazos” para a ligação de alta velocidade entre Portugal e Espanha.
Questionado pela Renascença sobre o aparente desencontro de prioridades entre Lisboa e Madrid sobre quais os eixos a avançar, João Mira Gomes rejeita a ideia de um conflito de visões com Madrid.
“Nós coincidimos sobre as linhas prioritárias e coincidimos que queremos avançar o mais depressa possível”, diz o diplomata.
Para Portugal, a prioridade do Governo é a ligação Lisboa-Porto e Porto-Galiza, “e a Espanha está perfeitamente comprometida com isso”.
Quanto aos prazos para que essa ligação esteja concluída, “é uma questão de irmos acertando”.
João Mira Gomes diz que “é mais importante estarmos de acordo com os traçados do que estarmos só dependentes de prazos”.
Mas mesmo nesse capítulo, o embaixador de Portugal em Madrid acredita que haverá “boas surpresas a breve trecho”, porque, diz, “estamos a recuperar o tempo perdido da falta de investimento que Portugal teve na ferrovia”.
Declarações que surgem no dia em que se sabe que a conclusão do plano Ferrovia 2020 está com um atraso de quase sete anos.
De acordo com um relatório da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, esta é uma situação que pode comprometer as datas finais previstas para a conclusão de todos os corredores ferroviários.
Lisboa-Madrid a tempo do Mundial 2030
No entanto, nesta entrevista à Renascença, o embaixador João Mira Gomes vê no Mundial de 2030 – que vai ser organizado por Portugal, Espanha e Marrocos – uma oportunidade para desenvolver outras infraestruturas, “onde se incluem, por exemplo, a ligação ferroviária Lisboa-Madrid”, que tem sido a grande prioridade defendida por Pedro Sánchez, mais do que o eixo Lisboa-Porto-Vigo.
“Não estará tudo pronto a tempo de 2030. Mas, antes de 2030, já teremos outra vez uma ligação direta de comboio entre Lisboa e Madrid, com um tempo de viagem competitivo”, assegura.
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