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A ‘tokenização’, representação de ativos físicos por digitais, os avanços da inteligência artificial e o potencial de ganhos da Administração Pública com o digital são alguns dos temas em debate na 32.ª edição do congresso da APDC.
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O evento anual da APDC – Digital Business Community, que volta a decorrer em formato híbrido em 09 e 10 de maio, tem como tema “The Great Digital Tech Disruptions” e conta com o ex-ministro da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, como presidente deste congresso.
“O que temos vindo a fazer nos últimos anos é tentar transformar o nosso congresso em algo que seja interessante para um profissional do setor, seja em Portugal ou em qualquer lado do mundo”, afirma, em entrevista à Lusa, o presidente da APDC, Rogério Carapuça.
Portanto, “queremos ter temas que sejam atuais em termos internacionais e que tragam valor para os nossos associados porque é uma oportunidade” para debater e trocar visões, refere o líder da associação de empresas tecnológicas.
Na edição deste ano serão abordadas as “disrupções das tecnologias de informação e comunicação” que acontecem não só nos negócios, mas em todas “as áreas da nossa vida”, salienta.
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Nesse sentido, “vamos falar um pouco dessas disrupções”, com por exemplo “da ‘tokenização’, ou seja, da representação dos ativos físicos por ‘tokens’ digitais, de tal forma que depois os possamos negociar digitalmente uma forma mais simples”, prossegue Rogério Carapuça.
Ou seja, “quando falamos de ‘tokens’ digitais não é apenas aplicado à moeda” mas também “a outros ativos, como por exemplo, na área da arte ou na área da do ‘real estate’. Enfim, há ativos que são físicos, que consideramos, que tocamos, que compramos, vendemos e que podem ser representados por ‘tokens’ digitais, facilitando assim a sua negociação”, explica.
O tema será abordado em geral e depois também dirigido para o caso dos ativos financeiros.
“Essa é uma das disrupções de que queremos falar. Outra, naturalmente, são os avanços mais recentes na área da inteligência artificial, outro são as novas aplicações que poderemos ter no domínio da Administração Pública, da forma como os Estados lidam com os seus cidadãos”, refere Rogério Carapuça.
O presidente da APDC salienta que desde que foi possível alcançar o poder computancional, que tem crescido ao longo dos últimos 60 anos, o mundo tem agora a possibilidade de “dispor de máquinas com potencial de cálculo e com a capacidade de armazenamento tão grande que permite efetuar coisas” que era impossível fazer até há poucos anos.
“E é por isso que se fala hoje de uma transição digital ou de uma — eu gosto mais de aplicar a palavra transformação porque transição dá ideia de uma coisa suave e na realidade estamos a falar de algo que é muito rápido e muito disruptivo. Isso hoje está presente em todas as áreas da nossa vida”, remata.
Por sua vez, Pedro Siza Vieira, que é o presidente do congresso este ano, salienta que vê “o digital como uma enorme oportunidade para Portugal e para o mundo, de uma maneira geral”.
Isto porque “temos estado nas últimas décadas a acumular um conjunto de capacidades e de competências, quer ao nível das infraestruturas de telecomunicações, quer ao nível da capacidade de armazenamento, processamento, transmissão de dados”, como também em termos de acumulação de “conhecimento e novas possibilidades de aplicação”, aponta Pedro Siza Vieira.
“E é como se nestes tempos mais próximos, sobretudo acelerado durante a pandemia, mas também nos próximos anos, aquilo que se adivinha é todas estas transformações que se vinham acumulando multiplicarem-se em aplicações, algumas das quais nós ainda mal supomos como vão impactar na nossa vida”, salienta o ex-ministro, que refere ter sido “com muito agrado” que aceitou o convite da APDC para presidir ao encontro anual, onde serão abordadas as disrupções que vão ter impacto na vida dos cidadãos, da Administração Pública e das empresas.
“Para mim, faz-me sentido usar a minha experiência anterior para também participar e, se quiser, estimular uma discussão à volta destes temas que eu acho que vão ser precisamente aquelas coisas onde nós temos possibilidade de ganhos muito grandes em termos de produtividade da nossa economia, em termos de acentuar a circularidade da forma como gerimos os nossos recursos, com aplicações que só mesmo estas tecnologias nos permitem”, enfatiza o ex-governante.
A nível do funcionamento da Administração Pública, diz, Portugal tem “uma hipótese de aumentar muito significativamente a eficácia, a eficiência e a transparência da atuação da Administração e do relacionamento” que esta tem com os cidadãos e com as empresas.
Do ponto de vista da Administração Pública, “há potencial de ganhos muito grandes no sentido de aumentarmos (…) quer a eficiência, fazer mais com menos recursos, quer a eficácia, porque melhoramos muito a experiência de cidadãos, empresas e dos próprios trabalhadores da administração pública”, destaca Pedro Siza Vieira.
Este tema vai ser discutido “durante o congresso como uma das áreas onde o impacto pode ser muito significativo nos próximos anos”, conclui.
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