Depois de dez anos à frente da maior mutualista do país, Tomás Correia tomou posse esta quinta-feira para um novo mandato de três anos. O presidente da Associação Mutualista Montepio diz acreditar que irá cumprir os três anos no cargo. Isto apesar de poder ter de necessitar do selo de idoneidade por parte da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), numa altura em que está a ser investigado em processos judiciais e no Banco de Portugal.
O novo código das mutualistas determinou que seria o supervisor dos seguros a vigiar o setor. E a ASF tem regras mais exigentes para atribuir a idoneidade a gestores. No entanto, existe um regime de transição de 12 anos para que o novo código esteja em vigor.
Tomás Correia disse, num encontro com jornalistas esta quinta-feira, que do que interpreta do código a questão da idoneidade não se irá colocar. Apenas será uma questão “quando na execução do plano de trabalho período transitório se venha a determinar que ASF se pode pronunciar”. O presidente da Associação Mutualista garante não ter tido, até agora, nenhum feedback da ASF sobre esta matéria. Em relação aos processos de que é alvo, diz “não ter nenhuma intranquilidade”.
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Questionado sobre se abdicaria do cargo de presidente da Associação Mutualista caso o processo de contraordenação do Banco de Portugal resultasse em condenação, Tomás Correia disse que “Não discutia hipóteses” e que é “um problema que não se irá colocar”. E afirmou que pensa que irá cumprir “integralmente o mandato”.
“Todos pediram ajuda ao Estado e nós não”
Tomás Correia fez o balanço da liderança da Mutualista na última década. “Foi um ciclo muito difícil”, disse. Salientou que “nunca pedimos ajuda ao Estado. Toda a gente pediu ajuda e nós não”. Explicou que “fomos vivendo com a nossa capacidade e com a relação com os nossos associados”. E garante que a Mutualista está preparada “para um novo ciclo que esperamos que seja de crescimento e de concertação entre todos os órgãos sociais”.
Após as notícias a indicar que existia tensão entre Tomás Correia e Carlos Tavares na sequência da escolha para o chairman da Caixa Económica, o presidente da Associação Mutualista negou divergências.
Sem especificar quem sugeriu o nome de João Ermida, Tomás Correia disse que essa escolha foi discutida com Carlos Tavares. “Foi um processo de automatismo entre os dois”, revelou. “O Conselho de Administração da Associação Mutualista está de acordo com a proposta que faz ao banco de Portugal para que João Ermida seja análise no processo fit and proper [avaliação da adequação e idoneidade]”.
Tomás Correia refere que João Ermida “foi responsável financeiro global do Banco Santander e não é uma pessoa qualquer que pode assumir essa responsabilidade”. Acrescentou que “se o Banco de Portugal não colocar nenhum entrave teremos muita honra em que assuma o cargo”.
Lucro da Mutualista vai ficar acima de 1,7 milhões
No programa de ação e orçamento para 2019, a Associação Mutualista previa um lucro de 1,7 milhões de euros. Mas Tomás Correia diz que “esse resultado vai ser significativamente melhorado”, já que na anterior previsão havia alguma incerteza sobre o impacto da implementação de novas regras contabilísticas.
Os resultados positivos terão origem na libertação de imparidades constituídas em relação à Caixa Económica Montepio Geral, já que o risco deste ativo é menor devida às melhorias de rating e aos resultados positivos que tem apresentado. “A libertação de imparidades será feita ao longo do tempo. Em 2022 teremos recuperado todas essas imparidades”, referiu o líder da Mutualista.
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