António Tomás Correia saiu da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em 2003, quando exercia o cargo de administrador, devido a “discordâncias ao caminho que a CGD estava a trilhar”, incluindo em relação à política de crédito do banco e à estratégia sobre ativos internacionais.
O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral está a ser ouvido na nova comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD por ter sido administrador do banco num período abrangido pela auditoria efetuada pela EY, que deu origem a esta comissão.
O banqueiro, que esteve na CGD durante 36 anos e saiu em 2003, frisou que o “ambiente e a cultura” de concessão de crédito na CGD “não era favorável a uma política sólida, no sentido de termos garantias, preços, contrapartidas”.
Disse que o banco público tinha uma cultura conservadora na concessão de crédito mas que “a partir de dado momento, esta cultura conservadora começou a perder-se”.
Tomás Correia negou que tivesse levado o negócio ‘Boats Caravela’ ao conselho de administração da CGD. Este negócio, feito com o Credit Suisse, gerou perdas de 340 milhões de euros ao banco público, tendo sido um dos mais ruinosos para a CGD.
Criticou o facto do contrato desta operação incluir uma cláusula “a favor do Credit Suisse, de grande poder de atuação discricionário, sem consulta da Caixa”, permitindo que alterasse os ativos subjacentes do negócio. “Não estou a dizer que a culpa foi do tesoureiro mas que houve uma grande distração, houve”, afirmou.
Questionado sobre o facto de ter feito uma declaração de voto no concelho de crédito da Caixa, a 7 de fevereiro de 2002, discordando de operações de crédito e criticando a política do banco, afirmou que foram várias as situações em que demonstrou o seu voto contra concessão de empréstimos.
“Sempre que discordei das operações em ambiente não muito agradável”, disse, frisando que nenhuma dessas operações de que discordou chegou a ser discutida em sede de conselho de administração.
Tomás Correia aproveitou para sublinhar que, ao contrário do que já foi referido na comissão, nunca esteve contra a direçao de risco do banco.
Além de ter sido administrador, Tomás Correia chegou a ser responsável pelos negócios da Caixa no exterior.
Deixe um comentário