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Mais Sindicato, Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro (SNB) e Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) acordaram com os bancos subscritores do ACT atualizações salariais de 0,5% em 2021 e 1,1% em 2022, disseram em comunicado.
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Na informação à imprensa, em que anunciaram o acordo com as instituições bancárias subscritoras do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), os sindicatos admitem que os valores acordados “estão abaixo do que pretendiam”, mas consideram que, “face à incerteza do futuro, devido à pandemia e à instabilidade provocada pela guerra na Ucrânia, é altura de ser prático e não prolongar por mais tempo as negociações”.
“A situação mundial piora todos os dias e a incerteza quanto ao futuro é cada vez maior. A guerra na Ucrânia prolonga-se e com ela as dificuldades económicas da Europa, apanhada no vendaval da escalada do preço dos combustíveis e do setor energético, nas complicações de abastecimento de bens de primeira necessidade provocadas pela subida do preços e escassez de cereais, e no aumento da inflação. Direta ou indiretamente, todos sofrem. Enredados na enorme instabilidade e complexidade da situação conjuntural e sem previsões confiáveis quanto ao que o futuro reserva, MAIS, SBC e SBN optaram pelo seguro, em prol dos bancários que representam”, disseram os três sindicatos no comunicado conjunto, justificando as atualizações salariais abaixo do que pretendiam após meses de negociação.
Para os três sindicatos ligados à central sindical UGT, para fazer face à escalada de preços “os bancários precisam, o quanto antes, dos aumentos salariais”.
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De acordo com o comunicado, referente a 2021 foi acordada a atualização de 0,5% nas tabelas e em todas as cláusulas de expressão pecuniária. Já para 2022 a atualização é de 1,1% nas tabelas e em todas as cláusulas de expressão pecuniária e, excecionalmente, o subsídio de almoço passará para 10,5 euros (hoje é de 9,72 euros).
As rubricas serão atualizadas com os obrigatórios efeitos retroativos, referindo os sindicatos que apelaram aos bancos para que tal seja feito já em abril.
Quanto ao posicionamento dos bancos neste processo, os sindicatos consideram que as administrações bancárias “mais uma vez demonstraram um total desrespeito pelos bancários” e querem os lucros só distribuídos “entre si e pelos acionistas, não valorizando os que dão a cara pelas instituições e mantêm a confiança dos clientes”.
“Só isso explica a intransigência nas negociações, a mesquinhez e insuficiência dos aumentos salariais que propõem. Enquanto esta elite financeira tiver esta linha de raciocínio dificilmente teremos um país capaz de responder aos desafios do futuro e uma sociedade mais justa”, referem Mais Sindicato, SBN e SBC.
Os sindicatos dizem ainda que a banca partiu para este processo negocial com uma “primeira proposta de aumento zero”, mas que “nunca admitiram que não houvesse aumentos salariais”, o que os levou a romper as negociações, face à “intransigência da banca”, passando a recorrer à conciliação sob a égide da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).
Os sindicatos acrescentaram que foi, no âmbito de uma estratégia mais ampla, que propuseram a revisão simultânea das tabelas para 2022, o que consideram uma “decisão importante que mais nenhuma estrutura assumiu, estando ainda presas à revisão para 2021”.
Para 2023, Mais Sindicato, SBN e SBC afirmam que a sua proposta reivindicativa “estará concentrada na recuperação do poder de compra face às taxas de inflação registadas, nomeadamente a que se consolidar este ano”.
Quanto ao Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) e ao Sindicato Independente da Banca (SIB), na semana passada estas estruturas sindicais consideraram que estavam esgotadas as negociações com a banca para 2021 na fase de conciliação, uma vez que os bancos mantiveram “a sua inflexibilidade e imobilismo” (os bancos propõem atualizações de 0,4% e estes sindicatos querem 1,4%), e pediram a passagem à fase de mediação (em que um mediador da DGERT apresenta uma proposta para tentar ultrapassar o impasse).
Hoje, SNQTB e SIB apresentaram a sua proposta reivindicativa para este ano, exigindo aumentos de 5,5%. Pretendem ainda o aumento para 11 euros do valor diário do subsídio de refeição. A banca tem 30 dias para apresentar a sua contraproposta fundamentada.
O grupo negociador da banca, responsável pela revisão do ACT do setor, representa cerca de 20 instituições financeiras que atuam em Portugal, entre eles Santander Totta, Novo Banco e BPI.
Já Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Crédito Agrícola e Montepio têm acordos autónomos.
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