As trabalhadoras da empresa têxtil Dielmar, em Alcains, aprovaram esta segunda-feira uma resolução contra os despedimentos e defendem uma solução semelhante à aplicada na Groundforce ou na TAP, com intervenção do Estado. Reclamam condições para voltar a laborar a partir de 18 de agosto.
O caderno reivindicativo recebeu luz verde numa concentração realizada em frente à Câmara Municipal de Castelo Branco, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Baixa.
A resolução considera “precipitada” a possibilidade de as 300 trabalhadoras da Dielmar serem já despedidas.
“Quando muito, em último recurso, admitem ponderar a possibilidade de suspensão dos contratos, mantendo o vínculo à empresa até que seja encontrada uma solução de viabilização da empresa no decorrer do processo de insolvência”, sublinha.
O documento defende uma solução transitória que permita garantir os postos de trabalho e o futuro da empresa.
Assinala que “a continuação da laboração e o pagamento dos salários não é uma solução inédita, já que ela tem sido concretizada noutras empresas, nomeadamente na TAP, Groundforce e Efacec, entre outras, e tem quadro legal, já que o Estado é acionista da empresa”.
Na sua intervenção em frente à Câmara de Castelo Branco, Marisa Tavares, do Sindicato Têxtil da Beira Baixa, garante que tudo será feito para reverter “o pesadelo do caminho do desemprego” e afirma que “há uma luz ao fundo do túnel” por haver interessados.
“Iremos até onde for preciso para o caminho ser o certo, para que rapidamente possamos voltar a trabalhar com a responsabilidade e o gosto de fazer. Não desistimos e o Governo só tem um caminho possível: procurar soluções. Esta é a única possibilidade que aceitamos”, declarou a sindicalista.
Para Marisa Tavares “a luta continua” e “não chega falar do interior. É necessário vir, conhecer e defender. Não aceitamos apenas ser um postal ilustrado”.
Os trabalhadores da Dielmar, empresa que entrou em insolvência ao fim de 56 anos de atividade, vão reunir-se na terça-feira com administrador de insolvência e na quarta-feira com o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.
Em declarações à Renascença, o presidente da Câmara de Castelo Branco, José Augusto Alves, explica que a autarquia só soube da insolvência da Dielmar “a posteriori”, mas agora o importante é encontrar uma solução para evitar um “drama social” no concelho.
“Não podemos atirar a toalha ao chão, há outras soluções. A primeira é a fábrica a laborar no mesmo sítio, em Alcains, com os mesmos trabalhadores. Se não conseguirmos essa, teremos que ter outra solução ou teremos um drama social em Alcains, em Castelo Branco e na região”, sublinha o autarca.
José Augusto Alves adianta que, até agora, há três contactos portugueses a demonstraram interesse na aquisição da Dielmar. Essa informação já foi transmitida ao Governo e a administrador de insolvência.
Maria da Luz Esteves, dirigente da comissão sindical da empresa, disse à Renascença que na reunião com o presidente da Câmara de Castelo Branco saiu a confirmação de que há interessados na Dielmar.
“Vamos ver. Dizem que já há interessados. A gente tem fé. Lutar é o nosso lema. Fiquei surpreendida com as manifestações de interesse, mas gostava de saber quem são essas pessoas. Queria uma boa gestão, que era aquilo que nós não tínhamos”, afirma Maria da Luz Esteves.
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