O trânsito na área de Lisboa fez os condutores perder 60 horas em 2024, mas foi na área do Porto que o congestionamento automóvel mais piorou, com um crescimento de 16% face a 2023. Os dados são do relatório de uma empresa de análise de mobilidade e transporte, a INRIX, que também analisa dados do trânsito em Coimbra, Braga, Guimarães, Barcelos, Vila Nova de Famalicão, Évora, Viseu e Caldas da Rainha.
Segundo a análise da INRIX, o número de horas perdidas pelos condutores na área de Lisboa subiu 5% face a 2023, mas as 60 horas em excesso passadas no trânsito já representam uma subida de 28% face a 2022. Na Área Metropolitana de Lisboa, a análise estende-se ainda a Cascais, com 26 horas perdidas no trânsito em 2024, e ao Montijo, com 15 horas perdidas.
Em Lisboa, as viagens mais frequentes mostram atravessamentos da cidade entre os concelhos a Oeste – Oeiras, Sintra e Amadora – e a zona do aeroporto e do Parque das Nações, além de uma ligação forte entre as deslocações a partir da Península de Setúbal para a área entre a Baixa e as zonas de Benfica e da Ameixoeira.
A separação de Cascais e Montijo permite perceber que, enquanto no caso desta última, o trânsito automóvel tem destinos mais longínquos, como Azambuja e Torres Vedras – refletindo o papel regional da Ponte Vasco da Gama –, as viagens mais frequentes na área de Cascais mostram deslocações a partir de Lisboa e da Península de Setúbal para Cascais e Sintra.
A nível mundial, Lisboa é a 44.ª cidade mais congestionada. As 60 horas gastas em excesso no trânsito são semelhantes às 64 horas de Milão, mas ficam abaixo das 71 horas de Roma, das 81 horas de Dublin, das 97 horas de Paris e das 101 horas de Londres. A cidade mais congestionada no mundo é Istambul, com 105 horas a mais gastas por cada condutor no trânsito, seguida de Nova Iorque e Chicago.
Porto viu tempo perdido no trânsito subir 32% face a 2022
No Porto, as 36 horas em excesso gastas pelos condutores no trânsito são não só 16% mais do que em 2023, como representam um aumento de 32% face a 2022. O relatório não apresenta pistas para o aumento expressivo na congestão, contudo, a cidade tem sofrido o impacto de obras ligadas à expansão do Metro do Porto, com a construção das linhas Rosa, Rubi e do canal de metrobus na Avenida da Boavista.
As viagens mais frequentes nas horas de ponta ligam o Porto e Matosinhos a concelhos como Penafiel e Valongo, onde não existem alternativas competitivas de transportes públicos. Fora das horas de ponta, Braga, Felgueiras, Paços de Ferreira e Aveiro geram tráfego automóvel para a área do Porto, assim como a Maia e Vila Nova de Gaia.
Já Coimbra, onde a INRIX indica que cada condutor perdeu 22 horas no trânsito em 2024, a maioria do trânsito tem origem fora do concelho, com destaque para Cantanhede, Oliveira do Bairro, Águeda e Oliveira de Frades.
Braga, Barcelos, Vila Nova de Famalicão e Guimarães, as maiores cidades do Baixo Minho, registam um valor de horas perdidas no trânsito semelhante, entre 22 e 20 horas. A análise indica ainda que a maioria do trânsito destas cidades é gerado de forma relativamente mútua – se Barcelos e Guimarães recebem trânsito de Braga, a Cidade dos Arcebispos recebe destas cidades, de Esposende, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Felgueiras e Espinho, enquanto Famalicão mostra menos ligação com os concelhos a norte.
Guimarães foi uma das duas cidades portuguesas analisadas onde se registou menos trânsito em 2024 do que em 2023, com uma redução de 5% das horas perdidas. A outra é Évora, onde se perderam 17 horas no trânsito, e as viagens têm uma forte ligação à fronteira com Badajoz.
Viseu, onde se perderam 14 horas no trânsito, recebe trânsito maioritariamente da Covilhã, Guarda, Santa Comba Dão e outras cidades mais próximas. No caso de Caldas da Rainha, onde o trânsito não aumentou nem diminuiu em 2024, as ligações mais fortes são às zonas de Torres Vedras, Leiria e Peniche.
Deixe um comentário