O presidente da Câmara de Constância afirmou esta semana estar apreensivo e preocupado com o anúncio do início do processo de declaração de falência da multinacional norte-americana Tupperware, e “com o futuro dos 200 trabalhadores” da fábrica instalada no concelho.
“Angústia, ansiedade, incerteza e preocupação. É aquilo que nós vivemos atualmente, fundamentalmente pelas pessoas que têm ali o posto de trabalho, precisam daquele trabalho para viver”, afirmou na quarta-feira à Lusa Sérgio Oliveira, presidente daquele município do distrito de Santarém.
O autarca disse ter solicitado esclarecimentos à empresa e pedido a intervenção do ministro da Economia, pedidos que estavam, há dois dias, a “aguardar resposta”.
A fábrica da Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980 em Montalvo, Constância, depende a 100% da casa-mãe norte-americana, com o anúncio do pedido de declaração de insolvência a poder ter consequências na unidade portuguesa, hoje com cerca de 200 trabalhadores efetivos.
“Nós sabemos muito pouco, as informações que temos é aquilo que tem vindo a sair na comunicação social. Ontem [terça-feira] de manhã, quando tivemos conhecimento dessa situação, procurámos junto da unidade de Montalvo obter esclarecimentos e a resposta que tivemos foi que o nosso pedido tinha sido encaminhado ao departamento de comunicação da empresa. Portanto, presumo que tenha ido para os Estados Unidos e aguardamos que venha uma resposta daí”, disse Sérgio Oliveira.
O autarca disse ainda ter solicitado apoio ao Ministério da Economia, para tentar esclarecer uma situação que poderá afetar 200 pessoas, numa fábrica onde estão “famílias inteiras” a trabalhar.
“Hoje de manhã solicitámos a ajuda do senhor ministro da Economia. Trata-se de uma empresa multinacional e é fundamental a intervenção aqui deste ministério para tentarmos perceber”, declarou, tendo reafirmado a preocupação social.
“Em alguns casos são famílias inteiras, são os postos de trabalho e a incerteza com que as pessoas estão. Não há nada pior na vida do que a incerteza. E esta situação sem ser clarificada, cria esta incerteza toda nas pessoas”, vincou.
Questionado sobre se a fábrica mantém a produção, o autarca disse que a informação que dispõe, “sem ser oficial”, é que “estão algumas máquinas paradas, devido ao facto de terem um elevado número de stocks nos armazéns”, tendo lamentado o silêncio da empresa.
Questionado pela Lusa, Dário Lima, do Sindicato dos Trabalhadores, disse que, “se se vier a verificar o fecho da fábrica, será um flagelo social para cerca de 200 trabalhadores e respetivas famílias”.
O representante do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) referiu que a estrutura sindical “vai pedir mais informações à administração para se inteirar do que pretende a Tupperware fazer” com os trabalhadores e com a fábrica em Portugal.
A Lusa questionou também a empresa, não tendo obtido, até ao momento, resposta ao pedido de esclarecimento.
A multinacional norte-americana Tupperware iniciou o processo de declaração de falência, arrastada pela queda nas vendas, e vai procurar a aprovação do tribunal para continuar a operar e facilitar um processo de venda para proteger a marca.
A Tupperware Brands, conhecida mundialmente pelos seus recipientes de plástico para guardar alimentos, iniciou voluntariamente o processo do Capítulo 11 no Tribunal de Falências de Delaware, o que fez cair as ações em mais de 50% na Bolsa de Nova Iorque e levou à posterior suspensão.
A empresa já tinha adiado as suas contas anuais de 2023 em março deste ano e, em junho, anunciou planos para encerrar a sua única fábrica nos EUA e despedir quase 150 empregados.
De acordo com os meios de comunicação social, a Tupperware procurará obter a aprovação do tribunal para facilitar um processo de venda da empresa e continuar a funcionar durante o processo de falência.
Uma década depois de ter iniciado a sua atividade nos Estados Unidos, a Tupperware expandiu-se para a Europa e, em meados dos anos 60, estava presente em seis países europeus, tendo depois dado o salto para os mercados da América Latina e da Ásia.
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