Ou seja, é importante voltar a apostar os programas Stopover
Há um novo programa, mas a verdade é que o anterior não foi o sucesso que se esperava. Por isso penso – e já o disse aos principais responsáveis do Turismo de Portugal – que temos de incentivar as campanhas no Brasil. Neste momento não estamos a ir a nenhuma grande feira. Temos de começar a fazer mais ações no Brasil, tem de se reforçar esse mercado, que neste momento está em 6.º lugar, desceu e tem de subir.
Quanto aos outros, a Alemanha ficou sozinha, em 2.º lugar e é um mercado que se está a portar muito bem para o Alentejo. Depois, o mercado flamengo, com os Países Baixos e a parte Norte da Bélgica. Os flamengos e os americanos estão a disputar o 3º lugar.
E agora espera que os chineses regressem em breve.
Os chineses eram muito importantes para o Alentejo, mas não acredito que seja este ano que regressam.
Entendermos a TAP apenas como uma companhia aérea é uma grande asneira
Para muitas desses mercados, os voos de longa distância são muito importantes e a TAP tem um papel fundamental nessas ligações. Como é que vê a reprivatização e todas polémicas que envolvem a companhia? Entretanto, o Ministro da Economia já afirmou que o Grupo IAG, detentor da Iberia, era muito bem-vindo ao concurso.
Bem, ele estava em Espanha, na FITUR, e fez um bocadinho o papel de político. Independentemente da TAP ser nacionalizada ou privatizada, eu sou um grande defensor da TAP, sempre fui e acho muito difícil quem quer que seja no turismo, desprezar o papel que a TAP tem tido na promoção.
Entendermos a TAP apenas como uma companhia aérea é uma grande asneira. É um instrumento da política externa e da projeção de Portugal no mundo. Recuso-me a ver um Portugal pequenino, em que apenas se olha para os lucros ou prejuízos que aquilo dá. É a companhia aérea que voa daqui, diretamente, para Moçambique. Há mais alguma que voe, aqui desta zona da Europa? Por exemplo. Ou para a Guiné-Bissau? Se calhar, a TAP perde dinheiro com esses voos mas amos deixar de fazê-los?
E uma TAP privatizada, vai fazer esses voos? E imagina que era realmente a Iberia…
Desgraça, isso era uma desgraça. O hub passava para Madrid. Do ponto de vista aeronáutico, Portugal passava a ser uma província de Madrid. Sou completamente contra.
E espera que o governo tenha isso em consideração no processo de privatização?
Se o acionista privado não tiver a maioria do capital, não entra nenhum; quanto a isso não temos ilusões. Mas gostaria que o Estado tivesse uma participação importante.
Perto dos 50%?
Perto dos 50%. Mas que no caderno de encargos dessa privatização ficasse essa perspetiva de que a TAP é e tem que continuar a ser um instrumento de promoção de Portugal e da língua portuguesa.
E que o hub não pode sair de Lisboa.
E que o hub não pode sair de Lisboa. A maior parte dos passageiros que vêm da América do Sul passam em Lisboa; uns ficam, a maioria não. Mas não interessa. Então alguém que vem de S. Paulo vai para Madrid e de lá para Lisboa? Ou quer ir para o Brasil e tem de ir a Madrid? Isto não tem sentido.
Uma visão meramente economicista de uma companhia aérea como a TAP é, do meu ponto de vista, profundamente errada e espero sinceramente que neste processo, não se faça a privatização a 100%, que o Estado fique lá e tenha lugar no Conselho de Administração.
Falta de mão de obra é o maior problema que temos em Portugal
Outro problema para o Turismo e não só, é a falta de mão-de-obra…
Esse é o maior problema que temos em Portugal.
E como é que têm dado a volta ao problema, na região? Porque ainda por cima, como acabou de me dizer, é um destino caro e, portanto, tem que oferecer serviços de qualidade.
Nós não temos pessoas para trabalhar, já não falo de pessoas qualificadas. Não temos pessoas para trabalhar. E as empresas até já aceitam ser, elas próprias, a dar formação. Mas não há pessoas.
É preciso recorrer à imigração.
Não há outra hipótese.
Como é que estão a correr aqueles acordos com os países da CPLP?
A legislação existe, foi modificada para facilitar a entrada de pessoas desses países. Quiçá, num ou noutro pormenor, podia ser aperfeiçoada. Por exemplo: pedir a uma pessoa que vem de Moçambique que tenha o equivalente a quatro salários mínimos para chegar cá! Não fazem a mínima ideia do que são quatro salários mínimos em Moçambique. As pessoas que querem vir para cá estão desempregadas ou no caso da restauração, ganham o equivalente a 100-150 euros. Onde é que vão buscar o dinheiro? Mais de 3.000 euros?!
E a concessão dos vistos, que era suposto ser agilizada?
Não está a funcionar porque há um estrangulamento nos consulados. Tanto quanto me disseram: os candidatos têm de apresentar uma reserva (de bilhete). Basta ir a uma agência de viagens e fazer a reserva. Mas isso também custa porque tem de provar que depois tem o dinheiro para vir legalmente. Alguns grupos (hoteleiros) que têm unidades no Brasil ou África (como o Vila Galé ou o Pestana) estão a trazer os seus funcionários desses países para cá, já os conhecem. Mas poucos têm essa capacidade.
A lei, do ponto de vista teórico, de obrigar a ter visto para trabalhar, está bem feita. Mas depois tem estes condicionalismos que atrapalham o processo.
Espera que a Agenda para o Empego que o secretário de Estado Nuno Fazenda anunciou para corrija essas questões?
Eu gostaria e espero que sim
Temos estado a falar muito do Alentejo, mas a Região de Turismo também abrange o Ribatejo. O que é está a ser feito para o promover?
Bem, eu só estou na presidência há dois anos. Mas já tomámos uma decisão, eu e a comissão executiva, que validou o meu pensamento. Estamos perante duas regiões que não podem ser tratadas como se fossem apenas uma. Há uma Região Alentejo e uma Região Ribatejo. E temos de assumir isso definitivamente. E atenção, não é o Ribatejo, é uma parte que se chama Lezíria do Tejo. (O Médio Tejo está na Região Centro).
Criámos uma delegação em Santarém, há um Conselho Consultivo só para o Ribatejo. Evidentemente, temos programas transversais, mas estamos a criar programas específicos para o Ribatejo porque o desenvolvimento turístico do Ribatejo não tem nada a ver com o do Alentejo.
Ainda este ao vamos ter um Congresso de Turismo do Ribatejo e outro para o Alentejo. E na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa – as duas regiões já vão ser apresentadas de forma distinta, com slogans diferentes, embora ambas no stand da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo.
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