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A qualidade dos produtos, a diversidade e receber bem atraem cada vez mais a Portugal turistas de mercados de alto rendimento, diz o presidente do Turismo de Portugal (TP), Luís Araújo, em entrevista à Renascença.
2022 foi um ano turístico bom, as perspetivas para 2023 são as melhore, mas é preciso contar com o fator incerteza, relacionada co a guerra na Ucrânia, alerta Luís Araújo.
A procura pelo destino Portugal é cada vez maior. O primeiro mercado emissor estrangeiro continua a ser o europeu, mas os americanos e canadianos rendem-se ao país diverso, com produtos de qualidade e que recebe bem. Isso nota-se na receita turística. Mas a busca continua por outros mercados de alto rendimento. México, Colômbia, Austrália, Coreia do Sul e China estão na lista do Turismo de Portugal, revela o presidente do Turismo de Portugal.
O responsável sublinha a importância do turismo para o país e dos mercados de longa distância. O interesse das companhias aéreas é grande e o TP “fala com todas porque é preciso garantir a c0nectividade aérea”. Luís Araújo reconhece o peso da TAP no sucesso do turismo nacional e alerta que a companhia aérea precisa de estabilidade. Quanto ao novo aeroporto, enquanto não há decisão, o remédio é trabalhar com o que há: ou seja, Lisboa e os outros quatro do país, para onde tenta que as companhias de aviação voem.
Quanto à falta de mão de obra, Luís Araújo defende que é preciso uma solução de longo prazo, com atratividade para o setor, formação dos portugueses que já trabalham no turismo e dos imigrantes, que têm de prestar serviço com o mesmo nível.
Recados do presidente do Turismo de Portugal, a poucos dias do início da maior feira internacional de turismo realizada do país, a BTL. Decorre na FIL do Parque das Nações, de 1 a 5 de março.
Tivemos um ano turístico de 2022 muito bom para todo o país, com destaque para algumas regiões. E para 2023, quais são as expetativas?
São muito boas, há muito interesse sobre Portugal. Portanto, acredito que havendo interesse dos mercados e dos consumidores, conectividade e capacidade de prestar uma boa experiência a quem nos visita – o que temos conseguido – 2023 também vai ser um ano positivo.
Com um novo recorde?
Sim, eu acho que vamos continuar a crescer. Aliás, o nosso objetivo é continuar a crescer para atingir os 27 mil milhões de euros de receita turística em 2027 e estamos a acelerar para esse objetivo. As previsões do Banco Portugal são positivas, muito alavancadas também no turismo, mais de 8% para este ano. O mesmo acontece com as previsões da European Travel Commission, com crescimento de 9-10%. Tudo indica que vai ser um ano positivo, mas obviamente, há muita incerteza.
E muita dessa incerteza tem a ver com a guerra, que começou há um ano. Do ponto de vista do turismo, acabou por ser positivo para Portugal, visto como um destino seguro e longínquo do conflito. Parte do crescimento tem a ver com isso?
Sim e não. Digo não, primeiro porque grande parte dos mercados que vêm para Portugal não são daquela região. O mercado russo, bielorusso, ucraniano, representava 0,2% do total de turistas para Portugal antes da guerra.
Lançámos uma campanha em novembro, em Times Square, com o Ronaldo. Esse momento foi visto por quase 20% da população mundial
Mas antes da guerra havia quem escolhesse destinos mais próximos daquela região da Europa para fazer férias.
Mas mesmo aqueles mercados cresceram. A Grécia cresceu, a Turquia cresceu e até a Polónia – que faz fronteira com a Ucrânia – não cresceu, mas curiosamente, teve um resultado melhor do que esperava.
A incerteza e a insegurança que provoca do ponto de vista de segurança física, mas também segurança económica e financeira geram uma retração na procura e sentimos isso nos primeiros meses da guerra, a questão é essa. Sentimos é que continuamos com capacidade de atração, estamos a atrair mercados que não eram para aquela região e a conseguir diversificação.
A guerra nunca é positiva para ninguém, como é óbvio, mas nós conseguimos posicionar o país de uma maneira – mesmo durante a Covid – que nos permite alavancar mais a imagem de Portugal como um destino exclusivo, com segurança, em que se pode viajar com uma boa qualidade/preço. E que está a conseguir manter esta linha de pensamento e esta linha de atratividade dentro dos mercados.
E é dessa forma que define o destino Portugal?
Bom, eu defino com um bocadinho mais de “storytelling”, mas aquilo que estamos a fazer junto dos mercados, principalmente dos que não eram tão tradicionais, é que Portugal tem produtos de qualidade e está preparado para receber bem qualquer pessoa, venha de onde vier e com respeito pelas diferenças.
Por exemplo, os Estados Unidos, que estão no top cinco de mercados para Portugal e é o primeiro mercado para Lisboa, é um mercado de longa distância. Conseguimos reduzir a dependência dos mercados europeus e criar esta ligação com os Estados Unidos, que é um mercado muito diverso. Um turista de Nova Iorque não é igual a um turista de Washington ou de São Francisco, mas estamos a conseguir ganhar espaço e a conquistar estes mercados.
Lançámos uma campanha em novembro, em Times Square, com o Ronaldo. Esse momento foi visto por quase 20% da população mundial. Estamos em 1,8 mil milhões de pessoas que foram impactadas com aquela ação. Mas a campanha em si – “Close to US” – já atingiu mais de 50 milhões de pessoas. E é uma campanha que mostra, obviamente, um Portugal diverso. E esta mensagem está a passar muito bem no mercado americano. Portanto, como é que se vê no destino Portugal? Depende, obviamente, de cada mercado e depende do interlocutor que temos à frente.
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