O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, congratulou-se esta sexta-feira com a disponibilidade do Governo em receber a central sindical antes da votação final global do Orçamento do Estado para 2020 (OE2020).
“Estamos sempre a tempo de evitar um divórcio, mas tem que haver vontade das partes e a nossa foi hoje revisitada por decisão do Governo, o que foi bom. Fico satisfeito por o Governo ter chamado a UGT para reunir, antes da votação final global do Orçamento”, disse.
Para o secretário-geral da UGT, “independentemente dos resultados dessa reunião, importa perceber que o movimento sindical, e a UGT em particular, é um parceiro fundamental da Concertação Social”.
“Sem nós não há Concertação Social em Portugal”, disse em declarações aos jornalistas à saída da fábrica da Renault Cacia que visitou, revelando ter recebido hoje um telefonema a convocar para uma reunião com as ministras do Trabalho e da Administração Pública, “o que acontece pela primeira vez”.
“Mantenho a expectativa de ser recebido institucionalmente pelo primeiro-ministro, mas há aqui também uma necessidade de distender um pouco a tensão que aconteceu nos últimos tempos”, afirmou.
Para essa crispação contribuiu “a teimosia do Governo em avançar com uma proposta para a administração pública que não agradou a ninguém, não agradou aos trabalhadores e não agradou aos sindicatos”, acrescentou o dirigente sindical.
Carlos Silva mostrou-se insatisfeito com a proposta de aumento de 0,3% para a função pública, recordando que os salários não são atualizados desde 2010 e que os trabalhadores do setor público sofreram cortes salariais e o congelamento das progressões.
Outra causa do desconforto foi o Governo “ter chamado os sindicatos para dia 10, com a votação final global no dia 6”: “Nós fomos agora chamados para dia 3, o que me parece uma abertura importante”, comentou.
Em Cacia, Aveiro, Carlos Silva encontrou-se com trabalhadores e representantes da Renault para uma troca de impressões, tendo em vista levar a multinacional do setor automóvel à contratação coletiva, em vez de acordos diretos com a Comissão de Trabalhadores, que não têm força de lei.
“Nós queríamos naturalmente que o papel dos sindicatos fosse mais importante dentro destas multinacionais. Não queremos aqui colocar qualquer patamar entre a Comissão de Trabalhadores e a administração, só que a negociação coletiva é ela própria uma fonte de direito e os acordos das empresas não”, explicou.
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