Mais de 32% dos empregos criados no grupo etário abaixo dos 25 anos entre os primeiros quatro meses do ano passado e o mesmo período deste ano tinham como remuneração o salário mínimo nacional (SMN). Neste ciclo foram criados cerca de 17 mil empregos para os jovens e são eles que apresentam o maior peso de remuneração de 600 euros. Os dados constam do relatório “Salário Mínimo Nacional – 45 anos depois” apresentado ontem pelo governo. À medida que se vai avançando na idade, o salário mínimo tem um peso inferior no crescimento do emprego.
“Tendo em conta as variações homólogas do emprego nos primeiros quatro meses de 2019, dos cerca de 17 mil empregos criados no grupo etário abaixo dos 25 anos, pouco menos de 5,5 mil (32,3%) são remunerados pelo SMN. Nos jovens adultos, dos 25 aos 29 anos, 21,3% do crescimento homólogo do emprego ocorreu no escalão de remuneração equivalente ao SMN, e nos trabalhadores a partir dos 30 anos apenas 0,8% do crescimento do emprego foi explicado pelo aumento de empregos com remuneração igual ao SMN”, refere o documento preparado pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (GEP/MTSSS).
Este valor do salário mínimo nos empregos criados entre os mais jovens é muito superior ao total do emprego criado. Entre o primeiro quadrimestre de 2018 e igual período deste ano foram criados 138,1 mil empregos, mas apenas 10 mil têm uma remuneração equivalente ao salário mínimo, correspondendo a 7%.
Quer isto dizer que quando entram no mercado de trabalho, há uma fatia considerável de jovens até aos 25 anos que vai ganhar o salário mínimo. O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social alertou, de resto, para “o risco de os trabalhadores manterem baixos níveis de remuneração ao longo da vida, ficando agarrados ao SMN.
Ministro alertou para o risco de os trabalhadores manterem baixos níveis de remuneração ao longo da vida, ficando agarrados ao salário mínimo. “É relativamente compreensível que quem entra no mercado de trabalho com salário mínimo tem tendência a ter um processo de progressão. Mas isso não é generalizado e também há sinais de que há setores ou atividades em que se entra para o mercado de trabalho com o SMN e se permanece toda a vida a receber o salário mínimo”, avisou Vieira da Silva durante a apresentação do relatório.
Mudar compensa
Os trabalhadores que entre outubro do ano passado e abril deste ano mudaram de emprego passaram a ganhar, em média, mais 74,5 euros, saltando de 878,2 euros para 952,5 euros. O aumento nominal corresponde a um reforço na remuneração de 8,5%. Já quem se manteve no mesmo posto de trabalho teve um aumento médio pouco acima de 29 euros, o que significa uma variação nominal de 2,9%, quase três vezes menos.
O aumento salarial médio foi ainda mais significativo para quem se manteve no mesmo posto entre 2018 e 2019, quando a variação foi de 9,4%.
O relatório refere ainda que quando “se excluem da análise os trabalhadores com salários superiores ao SMN, os aumentos salariais dos trabalhadores que permaneceram empregados entre 2017 e 2018 e entre 2018 e 2019 sobem para 5,1% e para 3,5%, respetivamente, sugerindo um dinamismo salarial transversal aos diferentes escalões de remuneração.”
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