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A esperança média de vida superior a 80 anos e os 23% de idosos, contabilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2021, fazem de Portugal um país de peso no ramo dos negócios associados ao envelhecimento. Contudo, vale lembrar que chegar longe não significa chegar com saúde. Esse é o foco da medicina de longevidade, especialidade que traz à capital, nos dias 4 e 5 de maio, através da Longevity Med Summit, cerca de 100 “tubarões” com uma carteira conjunta de mais de 9 mil milhões de euros, para investir em soluções inovadoras e estudar oportunidades de negócios no mercado nacional.
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Assumindo-se uma “plataforma de conhecimento e de fomento ao empreendedorismo”, a cimeira, organizada por Jorge Lima, fundador da Unipeer Solutions, prevê, além de debates, palestras e momentos de networking entre a comunidade profissional, a realização de uma sessão de pitches, na qual startups de todo o mundo terão a oportunidade de apresentar as suas ideias e modelos de negócio na área da prevenção, combate e reversão de doenças associadas à idade. Será atribuído o Prémio de Inovação à melhor solução, avaliada por um júri composto por um grupo de investidores, entre os quais a sociedade de capital de risco do Estado, a Portugal Ventures.
Até ao momento, a Longevity Med Summit conta com 40 inscrições de empreendedores nacionais e internacionais das áreas de biotecnologia e nutrição, nomeadamente de grandes mercados como Israel, Suíça e Estados Unidos. As candidaturas permanecerão abertas até ao próximo dia 15 de abril. Além de empresas já formadas com um tempo de atividade até cinco anos, a iniciativa permite também a participação de pessoas e universidades com propostas de negócios ou tecnologias que ainda não estejam desenvolvidos, mas tenham potencial.
Em conversa com o Dinheiro Vivo, o promotor do evento explica que o termo longevidade se refere a nada menos do que a medicina de prevenção, isto é, soluções que são capazes de prever ou diagnosticar doenças, ou outro tipo complicações de saúde que as pessoas possam vir a ter em determinada altura da vida. Apesar de ter a finalidade do envelhecimento saudável e estar indicada para um público com idades a partir dos 50 anos, esta abordagem pode ser usada em qualquer faixa etária, sendo adequada para clínicas, hospitais e laboratórios, e atendendo a vários mercados.
“Todas as soluções que estarão presentes são muito inovadoras, trata-se de novas tecnologias que até hoje não foram introduzidas no mercado”, garante o mesmo responsável. Sem qualquer dúvida de que Portugal se tornará num “hub bastante interessante na área de novos investimentos”, Jorge Lima antecipa a possibilidade de um dos investidores presentes na conferência – que detém clínicas de longevidade na Suíça, Xangai e Arábia Saudita – abrir estabelecimentos deste tipo em território nacional, através de compra, associação ou investimento, estando Cascais, Tróia e Algarve na mira.
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Outros fundos com aplicações na área hospitalar, de que são exemplo redes em Israel e nos Estados Unidos, têm também lugar marcado na cimeira e contam “vir conhecer oportunidades” neste campo.
As áreas de investimento com maior probabilidade de captação de financiamento da Longevity Med Summit são Inteligência Artificial (IA), diagnóstico e nutrição.
Quanto ao potencial do mercado interno, o organizador frisa ainda que este é um segmento “muito novo”, no qual “já existem soluções, sobretudo na componente dos diagnósticos”, mas não de um ponto de vista preventivo – trata-se de uma “novidade dos últimos cinco/seis anos” e, por isso, “há ainda muito espaço para crescer e receber soluções inovadoras”.
Uma das figuras mais relevantes entre os “tubarões” é Petr Sramek, cofundador e managing partner da Longevity Tech Fund, um dos fundos de investimento em longevidade mais ativos do mundo, com um portefólio constituído por mais de 40 projetos. O investidor defende que “o mercado atual de investimentos em longevidade é comparável ao setor de Inteligência Artificial antes do aumento do valor das ações desse mercado e que esta é a altura para investir nas áreas de longevidade humana saudável”.
Jorge Lima confessa que as expectativas para a cimeira – que conta com parceiros como a Nova Medical School, a Universidade de Coimbra e o Hospital da Luz Learning Health – são altas. Ao todo, são esperados cerca de mil participantes, que virão individualmente ou em grupo, por parte da iniciativa pública e privada, estando confirmada a presença de gestores de políticas públicas.
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