A Amazon tornou-se esta quarta-feira alvo de uma investigação pela Autoridade da Concorrência da União Europeia pela utilização que tem feito de dados dos comerciantes que usam a plataforma, inquérito esse que deixa a descoberto o crescente escrutínio do regulador sobre como as grandes empresas tecnológicas estão a explorar as informações dos seus clientes.
A Amazon, a Google e o Facebook estão entre as gigantes tecnológicas norte-americanas na mira de queixas de rivais mais pequenos e de académicos que estudam o fenómeno, levando entidades reguladoras da concorrência em todo o mundo a analisar a forma como utilizam os dados de clientes para aumentar o seu poder de influência no mercado.
No âmbito do inquérito hoje anunciado, a Comissão Europeia tem estado a recolher informações junto de comerciantes e produtores desde setembro passado, particularmente sobre a forma como a Amazon desempenha um duplo papel enquanto comerciante e enquanto concorrente. Os comerciantes queixam-se de estarem a ter resultados maus nos seus negócios porque a Amazon tem estado a copiar os seus produtos.
Aos jornalistas, a comissária para a Concorrência, Margrethe Vestager, que tem poderes para multar empresas como a Amazon ematé 10% do seu total de receitas globais, explicou que a investigação em curso tem duas vertentes.
Em primeiro lugar, pretende perceber a fundo os acordos-base firmados pela Amazon com os comerciantes que usam a plataforma para os seus negócios. O segundo objetivo é apurar como é que a gigante tecnológica usa os dados de cada comerciante para escolher a quais atribui o carimbo ‘caixa de compra’, que permite aos consumidores acrescentar diretamente produtos de determinados comerciantes ao seu carrinho de compras.
Segundo Vestager, este é um assunto sério dado que há cada vez mais cidadãos europeus a fazer compras online.
“O e-commerce [comércio eletrónico] aumentou a concorrência no setor a retalho e trouxe mais oferta e melhores preços. Temos de garantir que as grandes plataformas que operam na internet não eliminam estes benefícios através de comportamentos de concorrência desleal.”
A Amazon já fez saber que vai “cooperar totalmente” na investigação europeia, isto depois de ter informado os jornalistas que alcançou um acordo com a Autoridade para a Concorrência da Alemanha para rever os seus termos de serviço em acordos com terceiros comerciantes.
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