//Universidades querem dois mil milhões da UE para inovação

Universidades querem dois mil milhões da UE para inovação

Em cinco anos, Portugal captou 650 milhões de euros do programa europeu de financiamento à inovação, o Horizonte 2020, mas o ensino superior segurou apenas 26% desse valor. Grande parte, porém, fica em Lisboa e no Porto, cujas três maiores universidades captaram perto de 200 milhões de euros. O ensino superior quer melhorar a distribuição, e duplicar as verbas a haver de Bruxelas no Horizonte Europa, novo programa que vai correr até 2027.

“Ao longo dos últimos tempos, a capacidade de investigação centrava-se muito nos grandes centros urbanos. Nomeadamente, no Porto e em Lisboa. Para podermos alavancar as instituições de menor dimensão, é necessário utilizar os fundos regionais em matéria de ciência e inovação para depois ganharem competitividade a nível europeu”,defende António Fontainhas Fernandes, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).

O tema é discutido esta sexta-feira na 2ª Convenção do Ensino Superior, que decorre na Universidade de Aveiro. Se a primeira sessão, em Lisboa, discutiu o acesso dos alunos às instituições – com uma controversa proposta de eliminar propinas – esta pretende lançar caminho para uma maior captação de fundos europeus destinados à investigação e desenvolvimento.

O CRUP propõe dois saltos, consecutivos. Para chegar a dois mil milhões de euros no Horizonte Europa – nas mãos do comissário europeu Carlos Moedas – depois de um quadro 2014-2020 com o país dotado de mil milhões, há que capacitar as instituições universitárias menos competitivas com recursos a fundos de coesão.“Depois, de certeza que podem ter capacidade de ganhar projetos quer com as empresas, quer diretamente em Bruxelas”.

Segundo o presidente do CRUP, instituições como as universidades de Trás os Montes e Alto Douro, Beira Interior e Évora devem apostar nas áreas mais interessantes para as regiões nas quais estão inseridas. “Nessas áreas, conjuntamente com as empresas, ou com outros centros, têm mais capacidades instaladas para ir captar fundos europeus”. Mas, para isso, “tem de existir um maior esforço do lado das empresas para investirem também em inovação”.

Com a OCDE a estimar o investimento português em investigação e desenvolvimento em 1,3% do PIB – a média europeia está nos 2% e a da OCDE em 2,3% -, o governo estabeleceu no ano passado a meta de duplicar investimento. Neste terceiro salto, as empresas são chamadas a custear dois terços do necessário para que este investimento atinja 3% do PIB.

“Há um salto qualitativo que a Europa tem de dar, e Portugal ainda mais, para aumentar o valor acrescentado nos produtos portugueses e podermos ganhar competitividade internacional. Não interessa apenas qualificar mais a população. Interessa dar um salto do ponto de vista do desenvolvimento”, alerta o presidente do CRUP, que abre a sessão da Convenção do Ensino Superior. Estarão empresas e universidades. O encontro é encerrado por Nelson Sousa, o ministro do Planeamento.

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