Partilhareste artigo
A Copa América começou ontem e vai durar até dia 10 de julho, véspera da final do seu primo mais novo e mais rico, o Europeu.
Inicialmente marcada, como o Euro, para 2020, a 47ª edição da mais antiga das competições entre seleções do mundo foi adiada um ano e deveria realizar-se na Colômbia e na Argentina. A Colômbia declinou, no final de maio, devido à situação política do país. A Argentina também, mas por razões sanitárias. A Conmebol, equivalente local à UEFA, virou-se então para o Brasil, que aceitou.
Com perto de 500 mil mortos por covid-19, imunização da população atrasada, 90% das urgências dos hospitais das principais cidades ocupadas e dezenas de cidades confinadas, a decisão do Governo Bolsonaro de acolher milhares de pessoas para a “festa do futebol” foi naturalmente contestada. Até pelos jogadores da seleção brasileira, que, mais inclinados a curtir férias do que a participar numa competição em queda de vigor desportivo e cuja última edição foi há meros dois anos, só à última hora aceitaram participar.
Posto isso, a pergunta que os economistas colocam é a seguinte: se do ponto de vista sanitário, social, político e até desportivo a realização da Copa América parece penalizadora, será que o lado financeiro justifica todos os sacrifícios?
Subscrever newsletter
O blogue de Rodrigo Capelo, no site Globoesportes, tentou responder à questão. E a resposta é não. Em 2019, ano da última Copa América, a prova representou só 25% da faturação da Conmebol, o equivalente a perto de 120 milhões de dólares, um terço do valor arrecadado com a Champions local, a Taça dos Libertadores da América. O organismo, entretanto, tem 67 milhões parados nos seus cofres e 110 milhões em aplicações financeiras – não está falido ou à beira de falir.
Além do mais, a Copa América investe os seus lucros (quase todos provenientes dos direitos de TV e dos patrocínios) nela própria em forma de prémios – afinal, a Conmebol, ao contrário dos clubes, não tem salários milionários para pagar a jogadores.
Este dado serve, sobretudo, para responder ao argumento do governo brasileiro para a realização do evento: se o Brasileirão e a Libertadores se jogam, porque não a Copa América? Porque se o Brasileirão e a Libertadores pararem, os clubes vão à falência e o mercado do futebol colapsa – daí se defender a sua realização, desde que mantidos todos os cuidados. Se a Copa América parar, a Conmebol não vai à falência, nem o mercado colapsa – é mais provável colapsar o sistema de saúde do Brasil durante a prova.
Deixe um comentário