//Vantagem salarial associada a curso superior cai para metade

Vantagem salarial associada a curso superior cai para metade

O ganho salarial dos jovens portugueses com ensino superior atingiu mínimos históricos em 2022, em comparação com quem tem apenas o secundário.

É uma das conclusões da terceira edição do “Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal”, da Fundação José Neves.

Apesar da subida do salário nominal em 3,6%, entre 2021 e 2022, o salário real caiu 4%, porque a inflação acabou por ser superior.

Todos os trabalhadores, com diferentes níveis de escolaridade, sentiram esta perda de poder de compra, mas atingiu sobretudo os jovens qualificados, onde a perda salarial chegou aos 6%.

“Os salários reais diminuíram pela primeira vez desde 2013, e de forma muito pronunciada, em particular entre os jovens qualificados”, diz o relatório.

Para a população com ensino superior, “os salários nominais em 2022 estavam praticamente ao mesmo nível de 2011, o que se traduziu numa quebra abrupta de 13% nos salários reais”.

Enquanto em 2011 um jovem adulto com um curso superior ganhava, em média, mais 50% que um com o secundário, em 2022 esta diferença caiu para 27%. Ainda assim, a Fundação sublinha que “ter educação superior garante salários substancialmente mais elevados”.

Já a vantagem salarial de quem tem um mestrado, face a uma licenciatura, acentuou-se, passou de 10% em 2011, para 19,3% em 2022, o valor mais alto alguma vez registado.

Desemprego aumenta entre menos qualificados

Vários sectores de atividade têm reportado dificuldade em contratar, entre os jovens universitários a recuperação do emprego é total. O ano de 2022 teve a maior taxa de emprego desde o início da década anterior: 75%.

No entanto, a taxa de desemprego entre os jovens com o secundário aumentou no ano passado para 18% e já está acima dos valores pré-pandemia (em 2019 era de 13%). Por outro lado, mais de 20% dos jovens que terminam os estudos andam há três anos há procura de emprego.

São números que andam em contraciclo com o mercado de trabalho em geral, que está a recuperar os níveis de emprego e está “mais qualificado e digital”: “em 2022, 28% das competências pedidas eram digitais e 66% das ofertas de emprego anunciadas pediam competências digitais, um valor muito superior aos 54% de 2019”, refere o relatório.

A Fundação defende mais coordenação entre as instituições de ensino e as empresas, para que a oferta seja mais adequada às necessidades.

Metade dos trabalhadores diz que está a utilizar mais tecnologias digitais e a alta tecnologia já representa 45% do emprego em Portugal.

“Entre 2014 e 2022, as profissões que viram o número de trabalhadores aumentar de forma mais expressiva foram os especialistas em TIC (138%), os empregados de escritório (97%) e os especialistas em finanças, contabilidade, organização administrativa e relações comerciais (76%).”

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