//Vara diz que Vale do Lobo não teve “objeções” e rejeita “assalto ao BCP”

Vara diz que Vale do Lobo não teve “objeções” e rejeita “assalto ao BCP”

Armando Vara, que está preso em Évora, disse aos deputados que não teve condições para se preparar para a audição desta sexta-feira na II Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do banco público. O antigo administrador da CGD, que é também arguido na Operação Marquês, disse que não falaria do empreendimento de Vale do Lobo, apesar de ter realçado que essa operação foi aprovada “sem objeções”.

O antigo ministro, que cumpre cinco anos de prisão devido ao processo Face Oculta, disse aos deputados que não “tem ligação com o exterior” e que se encontra numa situação de “infoexclusão”. Armando Vara voltou a responder que quem o escolheu para a administração do banco público foi Teixeira dos Santos, ministro das Finanças do governo de José Sócrates.

Armando Vara disse ainda, em resposta ao social-democrata Virgílio Macedo, que “os anos comprovaram que tinha competências para exercer esses cargos”. E, confrontado com as imparidades que resultaram nos financiamentos feitos nessa altura, Vara disse que nos dois anos e meio em que esteve na CGD com Carlos Santos Ferreira o banco teve lucros avultados. “A Caixa foi o banco que melhor comportamento teve e que melhor saiu da crise”, disse. Esse argumento tinha já sido utilizado por Carlos Santos Ferreira quando foi ouvido nesta comissão.

Em relação às acusações de que participou num “assalto ao BCP”, Vara garantiu que nunca houve interferência da administração do banco público no BCP. Armando Vara foi com Carlos Santos Ferreira diretamente da Caixa Geral de Depósitos para a liderança do maior banco privado português no início de 2008. O antigo governante garante que foi convidado por Santos Ferreira para ir para o BCP apenas no final de 2007.

O antigo responsável da CGD explicou que uma das primeiras decisões tomadas pela administração de que fez parte foi reduzir a exposição do banco público ao BCP. “Mas não se sai de uma carteira de 8% a 9% de um dia para o outro. Disse a Paulo Teixeira Pinto [antigo presidente do BCP] que não havia nenhuma vantagem para a CGD”. Realçou que o BCP queria que o banco público mantivesse alguma participação no capital para ficar protegido de ofertas públicas de aquisição.

Vara afirmou que se soubesse que os créditos para compra de ações do BCP não iriam ser honrados, não teriam sido concedidos. “É preciso ver o contexto”, argumenta. E explica os prejuízos que a CGD sofreu com a crise financeira. “Como é que poderia ter existido uma crise no mundo inteiro e não em Portugal? E se chegou a Portugal como é que afetou só a CGD?”, questionou.

Atualizada às 15:25

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