//Vários dos 26 detidos pela PJ por ‘phishing’ bancário são estrangeiros da América do Sul

Vários dos 26 detidos pela PJ por ‘phishing’ bancário são estrangeiros da América do Sul

Vários
cidadãos estrangeiros estão entre os 26 detidos numa operação contra o
cibercrime realizada esta segunda-feira pela Polícia Judiciária (PJ), que
desarticulou uma rede de ‘phishing’ bancário que lesou dezenas de vítimas em
milhões de euros.

O coordenador de investigação criminal da Polícia Judiciária
(PJ), Paulo Gonçalves, disse, em conferência de imprensa, que as detenções dos
26 suspeitos – grande parte deles oriundos de um país da América Latina –
ocorreu após uma “complexa investigação” que durou cerca de um ano e
esteve a cargo da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade
Tecnológica (UNC3T) da PJ.

A operação, denominada “A171”, implicou 38 mandados de
busca, umas domiciliárias e outras a viaturas dos suspeitos, onde foram
encontrados documentação e outras provas de atividade criminosa com
ramificações transnacionais, relacionada com os crimes de burla e falsidade
informática, falsificação de documento, acesso ilegítimo, branqueamento de
capitais e associação criminosa e que causou milhões de euros em prejuízos.

A PJ já tinha anunciado, em comunicado, que as buscas abrangeram
os concelhos de Lisboa, Sintra, Mafra, Odivelas, Loures, Seixal, Sesimbra,
Setúbal e Marinha Grande, envolvendo mais de uma centena de investigadores e
peritos da PJ.

O `modus operandi´ associado aos detidos é conhecido como
‘phishing’ (obtenção ilegítima de dados) bancário e consiste, segundo a PJ, no
envio maciço de mensagens – SMS ou e-mail – com aparência de serem enviadas por
uma instituição bancária, contendo um texto padrão que induz a vítima a aceder
a um endereço eletrónico que redirecionava as vítimas para um `website´
semelhante à página do seu banco onde colocavam as suas credenciais de acesso
ao seu serviço de banca online.

Milhões de euros em prejuízos. PJ detém 26 suspeitos de "phishing" bancário

Para garantir o sucesso do crime, as vítimas eram depois contactadas por telefone por alguém que se fazia passar por funcionário bancário, para validar as transferências bancária ilícitas que tinham sido efetuadas, para “contas Mula” previamente abertas, para compra de cartões de crédito recarregáveis ou compra de divisas estrangeiras.

De acordo Paulo Gonçalves, algumas das vítimas foram lesadas em 9.000 euros, mas também houve outras que sofreram um prejuízo de 30 mil euros, tendo o inspetor da PJ afastado a ideia de que as vítimas do `phishing’ bancário sejam essencialmente pessoas idosas e com dificuldades em lidar com sistemas informáticos ou com a banca ‘online’.

“Há várias dezenas de vítimas, mas podem ser centenas”, disse Paulo Gonçalves, notando que as queixas continuam a chegar à PJ e que a investigação ainda não terminou.

A PJ estima que a rede desmantelada tenha causado prejuízos às vítimas de pelo menos dois milhões de euros.

Fonte ligada à operação admitiu aos jornalistas que no caso do `phishing’ bancário é muito difícil às vítimas serem ressarcidas pelos bancos uma vez que, ao contrário do que sucede com os cartões de crédito, não existe seguro que cubra este risco ‘online’.

Paulo Gonçalves apelou para que as pessoas que utilizem a banca ‘online’ procurem ter toda a informação dos alertas da PJ e também das instituições bancárias sobre os perigos da banca online.

Os 26 detidos – 21 homens e cinco mulheres – serão interrogados por autoridade judiciária para aplicação das medidas de coação.

Questionado sobre a questão dos metadados e sobre se isso dificulta a investigação criminal do cibercrime, Paulo Gonçalves replicou que “a PJ não trabalha só com metadados, mas com vários outros meios de obtenção de prova”.

A operação da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica da PJ contou com a colaboração de várias outras unidades da PJ e foi feita em articulação com a 8.ª Secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

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