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O registo de novas viaturas de passageiros caiu 55,1% em março na Europa, de acordo com o relatório apresentado, esta sexta-feira, pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA). Portugal, que como já tinha adiantado a ACAP regista perdas de na ordem dos 57%, está entre os oito países da União Europeia em que a crise provocada pelo novo coronvírus está a ter maior impacto no setor automóvel.
Os números dizem respeito a março, mas quando a ACEA revelar os de abril, o panorama será ainda mais preocupante, prevê o presidente da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA), em entrevista à Renascença.
“No nosso gabinete de crise analisamos a situação com concessionários que representam uma dúzia de marcas e verificámos que as vendas são absolutamente marginais”, confirma, acrescentando que “agora [em abril] estamos pior”. ”
Alexandre Ferreira revela que nesses grandes concessionários “o máximo de vendas em abril é de dois ou três carros, o que aponta para um agravamento do cenário que se verificava no final de março”. “As entregas de carros são de um número impensável e, na realidade, as empresas não estão a vender, nomeadamente as viaturas novas”, complementa.
O presidente da ANECRA conta com a resiliência dos empresários do setor para retomarem as vendas logo que o levantamento do estado de emergência dê um sinal positivo à economia, embora reconheça que o aumento do desemprego previsto, “com perda do poder de compra, irá confrontar o setor automóvel com dificuldades acrescidas para além do que é normal”.
Segundo os dados da (ACEA), no mês de março de 2020, em Portugal, foram registadas 10.596 novas viaturas, contra as 24.900 no mesmo mês do ano passado. No conjunto do primeiro trimestre de 2020, a quebra é de 23,%; até 31 de março havia 45.2828 novos carros ligeiros a circular, quando há um ano, por esta altura, já tinham sido registadas 59 445 novas viaturas de passageiros.
Empresários clamam por medidas excecionais do governo
Nesta entrevista à Renascença, o presidente da ANECRA entende que cabe ao Governo ajudar, com medidas específicas, o setor automóvel, também ele atingido pelos efeitos colaterais do novo coronavírus. Alexandre Ferreira aponta duas medidas que considera essenciais: “Retomar o apoio ao abate de viaturas é uma medida que reclamámos há algum tempo e que, nesta altura, faz todo o sentido. E aos empresários do setor coloca-se também a questão do IUC (Imposto Único de Circulação) que incide sobre viaturas semi-novas e usadas que estão parqueadas nos concessionários. É para nós imperioso que o Governo adote, pelo menos, estas duas medidas”, conclui.
Vendas caem de forma abrupta em toda a Europa
Ainda há países pior do que Portugal nas vendas de carros novos. Em Itália, Espanha, Irlanda, Austria, Eslovénia, Estónia e Grécia a venda de novos ligeiros de passageiros caiu a pique em março. Segundo a ACEA, verificou-se uma quebra de 55,1% nos registos de novas viaturas no conjunto dos 27 estados membros da União Europeia (nesta contabilidade, já não entra o Reino Unido).
De acordo com o comunicado da ACEA, trata-se de uma “quebra dramática” que encontra justificação na Covid-19 e nas medidas de confinamento para conter a pandemia, aplicadas a partir de meados de março na maioria dos parceiros europeus. No mês de março foram registadas cerca de 567 mil novas unidades, quando no mesmo mês do ano passado os números ultrapassaram 1 milhão e 260 mil viaturas.
Itália é o país mais atingido, numa quebra que não deixou de fora nenhum dos 27 estados membros da União Europeia. Os construtores de automóveis assinalam quedas de 85,4% nos registos de novas viaturas em Itália, 79,2% em França, 69,3% em Espanha. Até na Alemanha, apesar do número ser menos expressivo (-37,7%), trata-se de uma quebra “nunca vista” segundo a ACEA.
Numa análise ao impacto da crise provocada pelo novo coronavírus no primeiro trimestre de 2020, os construtores europeus apontam para uma quebra de 25,6% na procura de novos carros. Na maioria dos países da união europeia foram registadas perdas significativas, com a Itália a liderar (-35,5%). França (-34,1%), Espanha (-31%) e Alemanha (-20,3%) também acusam quebras significativas na procura de novas viaturas nos primeiros três meses de 2020.
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