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Em Portugal existem mais de 50 águas minerais e de nascente reconhecidas pelas autoridades. Em 2021, e de acordo com os dados da Direção-Geral de Energia e Geologia, o setor produziu 1493,8 milhões de litros.
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Da produção total são exportados cerca de 3% para mercados emergentes em todo o mundo, refere o presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Águas Minerais Naturais e de Nascente (APIAM). Ou seja, as águas minerais e de nascente lusas são vendidas em 52 países. “As exportações neste setor são uma realidade, o que evidencia a qualidade das nossas águas e que são património de todos os portugueses”, orgulha-se Nuno Bernardo.
No ano passado – com o fim da pandemia, a abertura do canal HORECA (área de atividade económica onde atuam os setores da hotelaria, restauração, cafetaria e também catering) e com boas perspetivas de crescimento do turismo – o setor teve uma recuperação significativa, em comparação com 2021.
O que se traduziu num crescimento de 9,2% das vendas no mercado nacional e de 4% nas exportações (em volume de litros). Mas a crise de logística e de abastecimentos no pós-pandemia, a que se juntou a guerra na Ucrânia (que levou ao aumento galopante da inflação), causaram um grande impacto na indústria das águas minerais e de nascente, afirma Nuno Bernardo.
“As empresas do setor sentiram enormes dificuldades em diferentes planos, designadamente no aumento do custo das matérias-primas (embalagens, por exemplo), nos preços da energia, dos combustíveis e no custo dos transportes”, detalha. Ao todo, o setor das águas minerais naturais engarrafadas conta com 32 unidades de engarrafamento, localizadas em regiões desertificadas ou zonas rurais, “onde por vezes não há suficientes alternativas ao nível de empregabilidade das populações”, explica Nuno Bernardo.
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Numa altura em que a desertificação das zonas interiores de Portugal é uma realidade e uma preocupação, este é um setor que “contribui para a fixação das populações em regiões mais desertificadas”, frisa o responsável, explicando que esta situação também se prende com o facto de as unidades de engarrafamento não poderem ser deslocalizáveis, uma vez que o engarrafamento tem de estar situado na proximidade das nascentes.
Esta é uma indústria onde trabalham 7500 pessoas, incluindo a atividade indireta, a jusante e a montante da atividade de engarrafamento. Nas unidades de engarrafamento o setor tem 1500 postos de trabalho diretos.
Quando se fala de água para consumo humano as opiniões não são consensuais. Se, por um lado, há quem não abdique de um copo de água vinda diretamente da torneira, por outro, existem os acérrimos defensores das águas engarrafadas. A diferença? A sua origem e características, afirma o presidente da APIAM.
Enquanto a água da torneira chega às nossas casas proveniente de rios, albufeiras e barragens e tem de ser submetida a tratamentos químicos para que possa ser consumida, as águas minerais e de nascente (engarrafadas) são de origem subterrânea, o que lhes garante proteção acrescida face a poluição.
Ou seja, quando são captadas, estas águas podem ser consumidas sem haver qualquer necessidade de serem quimicamente tratadas, garante ao DN/Dinheiro Vivo Nuno Bernardo. E, graças à rotulagem, o consumidor conhece as características e composição de cada água natural ou de nascente.
Estas águas são produtos alimentares e, como tal ,” têm de cumprir todos os exigentes requisitos de segurança alimentar estabelecidos a nível nacional e impostos pela União Europeia”, declara Nuno Bernardo, assegurando que são sujeitas a testes e análises frequentes, baseados em boas práticas de higiene. “A adoção e implementação do HACCP, um sistema de autocontrolo de pontos críticos, é obrigatória para a indústria e representa a garantia de elevados padrões de qualidade alimentar”, frisa.
Sublinha ainda que “as empresas de água mineral natural e de nascente realizam mais de 300 análises por dia a fim de garantir a pureza original e de manter inalteradas todas as suas propriedades e características naturais”.
Pureza engarrafada
Nuno Bernardo garante que, para que estas águas cheguem ao consumidor com a pureza com que foram engarrafadas, “a indústria não abre mão da escolha de embalagens mais seguras, sustentáveis e convenientes”.
O que significa que as embalagens neste setor, garrafas de plástico (PET) ou garrafas de vidro (reutilizáveis ou não) têm de cumprir integralmente todas as exigências legais estabelecidas, que garantam a segurança do produto alimentar com que estão em contacto e que, ao mesmo tempo, sejam recicláveis.
“Todas as embalagens usadas na indústria do setor, vidro e PET, são 100% seguras e 100% recicláveis”, afirma. E reforça: “Para as águas minerais e de nascente de Portugal é prioritária a promoção da economia circular. É um tema da maior importância e atualidade, fundamental para garantir a sustentabilidade ambiental, mas com a consciência que é necessário procurar o equilíbrio com a componente económica e social”.
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