A venda de carros na União Europeia (UE) caiu 23,5% em setembro. É a primeira vez que tal acontece este ano, mas não surpreende os fabricantes tendo em conta a entrada em vigor do novo método de cálculo das emissões de CO2.
A descida no registo de ligeiros de passageiros foi divulgada nesta quarta-feira pela Associação Europeia de Fabricantes Automóveis (ACEA, em inglês), referindo que a informação “não deve ser encarada como uma surpresa, já que a introdução do novo ciclo Worldwide Harmonized Light Vehicle Test Procedure – WLTP [base para o novo método de cálculo] no início do mês tinha provocado uma onda excecional de registos em agosto (+31,2%)”.
“Como resultado disso, a maioria dos países da UE sofreram quebras de dois dígitos em setembro, incluindo os cinco principais mercados”, segundo a ACEA, que notou que no acumulado a procura continua positiva (+2,5%), “em linha com as expectativas”.
Nos cinco maiores mercados, nos primeiros nove meses de 2018, foram registadas subidas de 11,7% em Espanha, de 6,5% em França e de 2,4% na Alemanha. Em Itália houve uma diminuição de 2,8% e no Reino Unido de 7,5%.
Em Portugal, a subida entre janeiro e setembro foi de 6,5%, enquanto em setembro houve uma diminuição de 14% nas vendas de ligeiros de passageiros.
Em Portugal, o valor do Imposto Sobre Veículos (ISV) e do Imposto Único de Circulação (IUC) é calculado, em parte, usando as emissões de CO2 (dióxido de carbono) e a cilindrada do motor.
O modelo temporário inscrito na proposta de Orçamento de Estado para 2019 prevê uma redução percentual das emissões de CO2 para efeitos de cálculo do ISV e do IUC, tendo em vista a neutralidade fiscal decorrente da introdução do WLTP, segundo informação da consultora Deloitte.
A neutralidade fiscal foi aconselhada pela Comissão Europeia, num “cômputo da receita total de ISV, fazendo compensar a redução em várias viaturas menos poluentes com o aumento noutras mais poluentes”.
A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) refere que a transição para um novo sistema de medição das emissões de CO2 gerou uma “antecipação de compras” de automóveis em agosto.
Inicialmente, o mercado acreditava que este impacto do novo sistema de medição de emissões poluentes nos preços seria sentido já em setembro, no entanto, em 03 de agosto, as Finanças esclareceram que as tabelas do IUC e do ISV, por este motivo, só seriam atualizadas através do OE 2019.
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