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As candidaturas submetidas à destilação de crise, “medida excecional de caráter temporário” que pretende financiar a retirada de excedentes do mercado antes da próxima colheita, totalizaram 57,8 milhões de litros. Três quartos destes vinhos são candidaturas das regiões de Lisboa, Alentejo e Douro. Sabe o Dinheiro Vivo que os 20 milhões de euros disponíveis para suportar a destilação de crise não chegam e vão obrigar a um rateio de quase 50%.
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Lisboa foi a região que mais vinho se propõe destilar, num total de mais de 15,7 milhões de litros. Sabendo-se que o valor previsto para pagamento da destilação destes vinhos era de 52 cêntimos por litro, seriam necessários 8,2 milhões de euros só para a retirada destes excedentes do mercado.
Segue-se o Alentejo, que submeteu a candidatura 13,8 milhões de litros que dariam origem, se fosse considerados no total, a um apoio de 9 milhões ou 7,6 milhões de euros, consoante se trate de vinhos com denominação de origem ou com indicação geográfica, pagos a 65 cêntimos no primeiro caso e a 55 cêntimos por litro no segundo.
A terceira região que mais vinhos se propõe enviar para destilação é o Douro, com quase 13,7 milhões de litros. Mas, dado que o preço médio aqui é superior (90 cêntimos por litro tanto de DO como de IG), seriam necessários 12,3 milhões de euros para cobrir a queima destes vinhos. Somando as três regiões já estamos quase nos 30 milhões de euros e a dotação orçamental é de apenas 20 milhões de euros no âmbito do Plano Nacional de Apoio ao Setor Vitivinícola (PNASV/FEAGA 2023), em conformidade com o regulamento 2023/1225 da Comissão Europeia, de 22 de junho.
Todas as regiões vitivinícolas se propõem destilar vinhos, com exceção do Algarve. Terras do Dão candidatou 3,9 milhões de litros, o Tejo pretenderia destilar quase 3,4 milhões e a Beira Atlântico 2,9 milhões de litros. Os produtores de Setúbal pretendem destilar 2,1 milhões de litros e as Terras da Beira 1,1 milhões de litros. Trás-os-Montes submeteu candidaturas para 567 mil litros e os Vinhos Verdes para quase 433 mil litros. Távora-Varosa não chega aos 100 mil litros.
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De acordo com os dados disponíveis, no final da campanha de 2022, os stocks disponíveis no mercado de vinhos tintos e rosados DO e IG em Portugal Continental era 20% acima da média dos últimos cinco anos, o que corresponde a qualquer coisa como 128 milhões de litros a mais face à média (excluindo o ano de maior e o de menor produção).
As candidaturas estão, ainda, em fase de análise, cabendo ao Instituto da Vinha e do Vinho o anúncio definitivo do volume total a destilar, sabendo-se que os vinhos só poderão ser destilados para produção de álcool destinado exclusivamente a fins industriais (incluindo produtos de desinfeção ou fármacos) ou para fins energéticos.
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