Chama-se Vira e é a mais recente cerveja artesanal do país. Mas ao contrário das outras, é produzida a partir de águas de esgotos e das chuvas.
A iniciativa é da Águas do Tejo, que decidiu criar um produto de raiz em parceria com uma startup para provar que estas águas, depois de tratadas, podem ser usadas até por empresas de bens alimentares — e por menos dinheiro.
“É um convite [às empresas]. Vai ser sempre um preço mais baixo do que uma água normal de abastecimento e, de facto, o investimento maior tem que ser com uma contribuição importante dos vários poderes públicos, é ao nível das redes dedicadas. É sempre possível, através de camiões cisterna, virem às nossas fábricas de água aproveitar a água, como faz a Câmara Municipal de Lisboa”, refere à Renascença o administrador executivo da Águas do Tejo.
Hugo Xambre Pereira garante que a empresa não vai passar a vender cervejas, quer apenas demonstrar que a água residual urbana pode ser reciclada para passar a ser potável.
“Dentro daquilo que é uma política de reutilização e reciclagem de água, resolvemos fazer uma cerveja, nunca com a ideia de vender cervejas, mas para que as pessoas ganhem confiança na reciclagem da água e na nossa capacidade.”
Por detrás da iniciativa está também a ideia do combate ao desperdício de água. Se fosse posta à venda, cerveja Vira seria um bom exemplo de economia circular, sob o conceito Reduzir, Reutilizar, Recuperar e Reciclar.
A medida responde às preocupações ambientais, com a reutilização e recuperação de água, que no caso desta cerveja passou por várias etapas na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), neste contexto chamada de “fábrica”.
Por outro lado, a reutilização está garantida por várias análises que atestam o consumo público, adianta Xambre. “Tivemos o cuidado, através de várias análises químicas e biológicas, de garantir uma cerveja que não representa qualquer risco ao nível da saúde pública, porque é uma água que tem um tratamento especial, uma afinação de forma a ter uma qualidade que a permite ser usada no fabrico de cerveja.”
O nome Vira, acrescenta o administrador da Águas do Tejo, surgiu da ideia de “virar conceitos, virar a nossa forma de pensar em relação à água reciclada, para virar comportamentos de forma a que possamos construir uma sociedade mais amiga do ambiente”.
Este foi um exemplo dos novos programas de inovação no setor, que estiveram esta quinta-feira em debate em Alcântara, Lisboa.
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