//Vistos Gold. Candidatos russos querem processar Estado português

Vistos Gold. Candidatos russos querem processar Estado português

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Há candidatos russos a vistos gold que querem processar o Estado português, devido ao impasse no processo na sequência da guerra na Ucrânia.

A notícia foi avançada à Renascença por Irina Akhmetova, uma advogada portuguesa de origem russa, que trabalha com vistos gold desde o início do programa.

No seu escritório em Lisboa, Irina Akhmetova tem 48 casos de pessoas de nacionalidade russa parados. Sem resposta das autoridades portuguesas.

Mas o número é muito maior, segundo uma agente imobiliária ucraniana, que durante os últimos seis meses do ano passado aproveitou o facto de falar russo para ajudar a vender casas destinadas a sustentar os pedidos de vistos gold – corrobora a ideia.

Não se quer identificar, mas diz que os números de aprovação do ano passado são apenas a “ponta do iceberg”. Na imobiliária em que trabalhou, entraram “seguramente mais de 100 pedidos, se calhar mais”.

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Alguns clientes da advogada Irina Akhmetova, que no conjunto já investiram vários milhões de euros, começam a dar sinais de impaciência.

“Começam a perguntar se podemos recorrer judicialmente. Para eles, isto é uma recusa. Para um cidadão normal, que não é jurista, é isso que entendem quando o SEF diz que suspende os processos. E depois falam em avançar para tribunal, porque o governo lhes criou a expectativa de que poderiam investir”, diz Irina Akhmetova, em declarações à Renascença.

Em relação a ver os cidadãos russos tratados de forma igual perante a lei, Irina diz que é “isso que se espera de um Estado de Direito”. Espera que só quem tem relações com o regime e esteja na lista de sanções seja penalizado.

“Só que nós temos assistido a tanta coisa ultimamente que eu classifico como xenofobia, que não posso garantir aos meus clientes que esta regra [suspensão dos processos] não vai ser aplicada dessa forma para todos os cidadãos russos. E, desde há três meses, não consigo garantir que isso é impossível acontecer em Portugal”, define.

Aos que estão nessa situação, a única coisa que a advogada Irina Akhmetova tem para transmitir é o que Santos Silva disse em fevereiro. Nada mais. Mas a partir daí começam as dúvidas.

“Não sabemos ao certo o que é que se passa. Não sabemos. Nenhum cliente foi informado, e o SEF poderia pelo menos informar que o processo está suspenso por isto ou por aquilo. Mas não, nem uma comunicação, nem um comunicado oficial, nada”, sublinha.

A Renascença tentou junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) obter esclarecimentos. Aquele serviço disse que não tem competência para responder às questões, e remeteu para a tutela.

Enviámos, por isso, ao Ministério da Administração Interna, liderado por José Luís Carneiro, um conjunto de perguntas para esclarecer algumas dúvidas. A estas questões, e depois de várias insistências ao longo de três semanas junto da assessoria de imprensa do MAI, não foi dada nenhuma resposta.

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