Dos 7272 vistos gold atribuídos até agora pela compra de imóveis de valor idêntico ou superior a 500 mil euros, a “a maioria”, escreve este domingo o Público citando dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, diz respeito aos “concelhos de Lisboa e de Cascais”.
Estes números surgem numa altura em que o grupo parlamentar do Partido Socialista quer alterar a lei em vigor, limitando a concessão destas autorizações nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. O setor já se mostrou preocupado e alerta para os efeitos que a medida pode vir a ter.
No final de janeiro, a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) considerou que a intenção do PS de limitar a concessão dos vistos gold nas áreas de Lisboa e Porto é “contraproducente”. Em comunicado, as imobiliárias consideram que “alterar as regras a meio do jogo mexe com a perceção da credibilidade do setor junto de potenciais investidores”.
Também nessa altura, a Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários indicou que a intenção do PS de “vai ditar o fim do programa”, propondo aumentar o valor exigido para investimento em Lisboa e no Porto. Para esta associação “já existe uma discriminação positiva para o investimento feito em atividades de investimento fora de centros urbanos, apresentando no caso do imobiliário um desconto no valor exigido de aquisição”. “A larga maioria dos investidores não usou o referido desconto, tendo, portanto, continuado a querer investir em ativos localizados maioritariamente em Lisboa, Porto, Algarve e em todo o litoral”, refere.
Pedro Lancastre, CEO da JLL Portugal, afirmou há dias que “o impacto do fim dos vistos gold vai ser enorme. Apesar de estar em cima da mesa uma limitação geográfica, a perceção que fica é que se está a empurrar para acabar, que é o desejo de uma parte do Governo. O regime proposto vai gerar pouco interesse”.
“Os vistos Gold e os residentes não habituais deram um boost enorme à economia. Acredito que 2020 será um ano de oportunidades, mas temos de resolver esta encruzilhada: ou continuamos a oferecer condições e estabilidade, ou tomamos decisões restritivas que põem em causa a confiança dos investidores”, ressalvou ainda Patrícia Barão, responsável pelo segmento Residencial da JLL, durante a apresentação do estudo anual da consultora sobre o mercado imobiliário em Portugal.
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