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O presidente da Associação Portuguesa de Bancos considerou esta quinta-feira populismo as narrativas recorrentes sobre os lucros da banca, defendendo ser positivo para o país que tenha voltado aos lucros, e que o que importa é avaliar a rentabilidade do capital.
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“É verdade que os bancos tiveram maiores rendibilidades, o que é anormal ou extraordinário é as rendibilidades dos anos precedentes”, disse Vítor Bento na conferência ‘Banca do Futuro’, organizada pelo Jornal de Negócios e pela Claranet, acrescentando que este ano os bancos “devem ter a rentabilidade mais elevada da última década”.
Para o presidente da associação que representa os principais bancos que operam em Portugal, o ROE (sigla de Return on Equity, designação em inglês para rentabilidade dos capitais próprios) desde 2015 é de apenas 3,5% pelo que a rentabilidade (ou rendibilidade) da banca, “num tempo longo, não tem sido atrativa para captar investimento e sem essa capacidade o setor não poderá crescer”.
Por isso, disse o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), não se deve falar em lucros, mas em rentabilidade, indicador que avalia os lucros face ao capital investido.
“Deveríamos estar todos contentes de que a banca tenha conseguido voltar a dar lucro e não o contrário”, vincou.
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Vítor Bento disse ainda que há outra narrativa propalada que não é verdadeira, a de que bancos foram salvos com dinheiro dos contribuintes, afirmando que os bancos em que contribuintes perderam dinheiro acabaram todos – BPP, BPN, Banif, BES – e que o que contribuintes salvaram foram os depósitos.
Os cinco principais bancos (CGD, BCP, Santander Totta e BPI) tiveram lucros agregados de 3.288 milhões de euros entre janeiro e setembro, mais 70% em termos homólogos. A principal rubrica a explicar a subida significativa dos ganhos é a margem financeira, que é a diferença entre o que os bancos cobram pelos créditos e o que pagam pelos depósitos.
Também hoje, na mesma conferência, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, considerou que o recente “processo de transformação da banca portuguesa foi extraordinário” com redução de ativo, redução de malparado, reforço dos capitais e melhoria da rentabilidade, e disse que os atuais “resultados são merecidos”, mas também “são cíclicos e têm de ser usados para preparar o futuro”.
Centeno (ex-ministro das Finanças de Governos PS de António Costa) tem dito que a economia vive de ciclos negativos e positivos e que os lucros atuais dos bancos são resultado também do ciclo positivo e que estes devem pôr de lado parte dos lucros para prevenir períodos negativos no futuro.
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