//Web Summit 2019 terá instalações provisórias na Praça Sony

Web Summit 2019 terá instalações provisórias na Praça Sony

Trinta milhões de euros é quanto vai custar a Lisboa manter a Web Summit por dez anos. Um investimento que, garante Fernando Medina em entrevista ao Dinheiro Vivo, vai colocar o país no radar dos grandes eventos internacionais.

É a terceira Web Summit organizada em Lisboa. O que mudou desde 2016?
O evento teve um grande impacto na cidade porque novembro deixou de ser época baixa. A capacidade de arrastamento da Web Summit criou uma nova época alta para hotéis, companhias aéreas, restaurantes, bares e fornecedores de todos os serviços. Também aumentou o reconhecimento internacional de Lisboa como uma grande cidade para o investimento em serviços transacionáveis e exportáveis. A última transformação foi a força que deu ao empreendedorismo português. Todas as dimensões têm efeitos concretos nas receitas da cidade e no investimento em Portugal. A Web Summit já permitiu consolidar investimento tecnológico que de outra forma não teria vindo para o país, ou teria sido mais difícil.

O evento rende o ano todo?
Sem dúvida. Essa foi a razão da aposta que fizemos. O evento em si é bom para a cidade mas é pouco. Queremos aproveitar os benefícios estruturais da presença da Web Summit cá e este acordo a dez anos vai permitir isso.

O acordo exige investimento. São onze milhões de euros por ano. Qual a fatia da CML e como vai ser financiada?
A comparticipação do município será de três milhões por ano. Teremos ainda a responsabilidade de apoiar o financiamento, juntamente com os parceiros da FIL e outros que possam surgir, para a expansão da FIL. Quando a Web Summit veio para Portugal começou a disparar do ponto de vista da dimensão.

Todos os anos tem acrescentado dez mil pessoas…
Foi um processo que os deixou muito impressionados. Após a última edição perceberam que precisavam de espaço para crescer e Lisboa tinha esse constrangimento. Foi a decisão mais importante que tomámos. Só havia dois cenários. Ou deixávamos tudo como estava, não gastávamos dinheiro e perdíamos a Web Summit, ou fazíamos um investimento sério para aumentar a capacidade para feiras e congressos. O que permitiria não só dar resposta à Web Summit mas também começar a procurar outros grandes eventos internacionais para os quais Lisboa está hoje fora do mercado. Escolhemos investir. Tivemos um diálogo profundo com a Fundação AIP, dona da FIL, com os parceiros do turismo, com o governo, e foi muito bom constatar a opinião convergente com a nossa. Resolver o tema das instalações foi um marco de viragem nas negociações. A partir daí o processo tornou-se mais fácil, embora tenha sido muito competitivo.

Como vai ser feita a expansão da FIL? Avança já em 2019?
A expansão está dividida em fases. Em 2019 vamos ter instalações provisórias na ligação dos interstícios entre os pavilhões da FIL e na Praça Sony, que é a zona do Parque das Nações a seguir à FIL e que está deserta desde a Expo’98. O terreno é detido a meias pela Fundação AIP e a CML através da Associação Parque Junqueira. Depois vamos trabalhar com a Web Summit e com consultores internacionais para encontrar a solução definitiva, que abarque o crescimento da área de congressos. Temos condições para dar as duas respostas no mesmo espaço. Há muitas soluções em cima da mesa. Pode implicar o crescimento para norte ou em altura da Praça Sony. Asseguraremos a parte provisória enquanto for necessário. Nos próximos meses teremos equipas a trabalhar com especialistas internacionais falando com grandes clientes, isto é, com os eventos.

Eventos que rentabilizem o espaço depois de 2028?
É esse o desafio. Vamos tentar aproveitar o processo de expansão para dizer: venham ter connosco, digam o que poderíamos fazer neste espaço para servir as vossas necessidades.

Vai haver ligação à Altice Arena?
Não haverá ligação física permanente. Nunca esteve em cima da mesa. Haverá ligação dentro dos pavilhões da FIL. Pode haver uma solução de expansão da entrada da FIL, mais próxima da Altice Arena.

As obras podem avançar já no primeiro semestre de 2019?
Não queria fechar esse tema mas há soluções imediatas cuja construção pode começar já. A ligação entre os pavilhões reúne consenso e acontecerá sempre. Outras soluções podem precisar de mais tempo.

Quem suportará o custo? E a quem pertencerá a nova estrutura?
O município vai financiar a construção no todo ou em parte. É possível e desejável que surjam outros investidores, o que irá obrigar a uma reconfiguração da organização societária do complexo. As conversas com a Fundação AIP estão a correr bem. A Câmara e a Fundação já partilham a associação Parque Junqueira através de uma sociedade detida a 75% pela Fundação e a 25% pela Câmara.

O orçamento para 2019 inclui uma verba para estas obras?
Não vai estar especificamente definida mas sê-lo-á. A receita da taxa turística, que vai passar para dois euros e criará recursos de pelo menos mais 16 milhões de euros por ano, permitirá financiar não só os três milhões de euros anuais mas também a construção da infraestrutura.

A estrutura definitiva vai estar pronta em 2022?
Sim, é o que consta na proposta.

A Web Summit vai ficar mais dez anos em Lisboa. O que será a cimeira, e a cidade, em 2028?
Espero que daqui a dez anos sejamos reconhecidos como uma das grandes cidades do mundo que atrai e retém emprego altamente qualificado. Hoje somos um país muito diferente. Temos gerações mais velhas infelizmente com baixas qualificações, mas temos gerações mais novas altamente qualificadas, cosmopolitas, que falam línguas, que viajam, que hoje já têm uma experiência aos 20 e poucos anos que a minha geração não teve. Temos de criar oportunidades para que esta parte moderna do nosso país se desenvolva cá, que fique cá, que crie oportunidades cá e investimento cá. É esse no fundo o sonho que tenho para Lisboa: que daqui a dez anos sejamos, indiscutivelmente, não a capital de um país no extremo da Europa, mas uma das grandes cidades em que vale a pena investir.

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