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Os transportes públicos foram das primeiras vítimas da pandemia. Ainda o país não tinha entrado no primeiro estado de emergência quando comboios, barcos e sistemas de metropolitano começaram a perder passageiros, de um dia para o outro. Passados dois anos desde a chegada da covid a Portugal, cerca de 200 milhões de passageiros não voltaram a andar de transportes públicos.
Houve 198,367 milhões de validações que deixaram de ser registadas na comparação dos dados de 2021 com os de 2019, calcula o Dinheiro Vivo a partir dos dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
É no transporte por metropolitano que se encontra a maior fatia de passageiros perdidos, com 133,6 milhões de validações a menos entre 2021 e 2019. No Metro de Lisboa, a perda foi de 54,29%; no Porto, a diminuição foi de 42,95%; no Sul do Tejo, o recuo foi de 22,82%.
As três empresas tinham batido o recorde de utilizadores em 2019 por conta da introdução dos passes de transportes públicos a preços reduzidos.
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Em menor dimensão, também nos comboios se sentiu a perda de 55,493 milhões de validações entre 2021 e o último ano antes da pandemia.
O transporte suburbano da CP e da Fertagus ainda não recuperou 30,89% dos utentes (são menos 48,905 milhões), apesar de a oferta ter sido praticamente constante nos últimos dois anos. No serviço regional e de longo curso (designado de interurbano pelo INE), a diminuição é de 38,44% (perda de 6,384 milhões).
A ligação internacional praticamente não existe desde a suspensão, em março de 2020, dos comboios noturnos para Espanha e França: apenas houve 25,6 mil atravessamentos da fronteira sobre carris no ano passado; em 2019, foram 230 mil, no que se traduz numa derrocada de 88,87%.
No transporte fluvial, há 9,272 milhões de validações a menos entre 2021 e 2019: foram 13,350 milhões no ano passado, o que compara com os 22,622 milhões de viajantes do ano pré-pandemia. A esmagadora maioria das travessias realiza-se no Tejo mas também são contabilizadas as deslocações fluviais no Douro, Aveiro, Ria Formosa e no Sado.
Recuperação parcial em 2020
Ainda assim, o ano passado marcou o início da recuperação dos passageiros perdidos em 2020 para praticamente todas as empresas. O Metro de Lisboa é a exceção.
Por conta da perda de ainda mais passageiros na capital, o transporte por metropolitano teve menos 4,514 milhões de viagens validadas no ano passado face a 2020. A perda de 7,6% dos utentes do Metro de Lisboa suplantou a recuperação de 3,28% do Metro do Porto (para 40,726 milhões) e do Metro Sul do Tejo (12,012 milhões).
Nos comboios, os serviços suburbanos e interurbanos recuperaram 17%, para 109,3 e 10,2 milhões de passageiros, respetivamente. O serviço internacional caiu 22,5% porque ficou confinado a um comboio regional até Vigo e outro até Badajoz.
Entre 2021 e 2020, houve mais 250 mil pessoas a usarem o barco para atravessar o rio. O transporte fluvial contou com 13,350 milhões de viagens válidas, mais 1,9%. Não se sabe, para já, a que se deveu a recuperação, pois o número de utentes na Transtejo/Soflusa recuou 0,9%, adiantou o Público no mês passado.
No transporte rodoviário, apenas é conhecida a recuperação de 15% da Carris, para 91,2 milhões de utentes; e de 3,7% dos utilizadores da STCP.
Os dados do INE relativos às restantes empresas de transporte sobre rodas apenas serão conhecidos mais perto do final deste ano.
Apesar de a situação pandémica estar a aliviar, o trabalho remoto ou híbrido veio para ficar em centenas de empresas. Será necessário esperar alguns anos para voltarmos a assistir a novos recordes de utilizadores dos transportes públicos seja por barco, comboio, metropolitano ou autocarro.
Aviação perde 58% dos passageiros
Os dois confinamentos, de 2020 e de 2021, e as várias medidas de controlo nas fronteiras foram uma aterragem de emergência para a aviação mundial. Em Portugal, houve 17,177 milhões de passageiros que ainda não voltaram ao transporte aéreo.
Faro é o aeroporto com maior perda de utilizadores: a quebra de 63,78% entre 2021 e 2019 teve forte impacto para o turismo da região, altamente dependente deste mercado a nível económico. Em Lisboa, a descida foi de 61,14%, de 10,87 para 1,38 milhões de passageiros nos últimos dois anos.
No continente, a menor descida verificou-se no Porto, com 55,74% de utilizadores a menos entre 2021 e 2019, segundo o INE.
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