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A comemorar 40 anos, a Vandoma Ties, marca da António Manuel de Sousa que, como o nome indica, é especializada em gravatas, mas também em laços, coletes e outros acessórios complementares, não tem mãos a medir. Com o abrandar da pandemia, as encomendas estão a chegar em catadupa, em especial dos mercados internacionais, e a empresa teve inclusivamente que contratar quatro novas funcionárias para dar conta do recado. “As gravatas, que são um artigo que nem está na moda, arrancaram de repente. Tem sido uma agradável surpresa”, diz a sócia-gerente da empresa, e filha do fundador, Ana Lisa Sousa.
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É uma fábrica diferente das outras. Quanto mais não seja porque fica numa das artérias principais do centro do Porto e porque tem janelas a toda a volta, dando condições de trabalho pouco habituais nas unidades industriais. Mas não só. A equipa é pequena, mas diversificada. As duas sírias que acabou de contratar – já eram costureiras, estão apenas a adaptar-se à especificidade da produção de gravatas – sobressaem, pela sua indumentária, mas há até quem tenha trabalhado a vida toda a atender ao público e agora esteja a aprender a coser à máquina, com evidente prazer na troca de funções. “Eu não preciso de costureiras, preciso de gente que tenha vontade de trabalhar e que esteja disposta a aprender”, sublinha Ana Lisa. Soraia confirma-o: “Nunca costurei, mas gosto muito, muito mesmo”.
Com a pandemia, a Vandoma Ties – nome escolhido em honra da padroeira da cidade do Porto – teve de se reinventar. As máscaras sociais e as toucas para pessoal médico foram o que permitiu à empresa sobreviver, embora, no ano passado, tenham começado a ressurgir as primeiras encomendas de gravatas, sobretudo para o mercado externo. E o arranque de 2022 foi de tal modo produtivo que “já não há tempo para fazer máscaras”.
As vendas destes primeiros quatro meses estão já acima de 2019, o que permite perspetivar um bom ano pela frente. A expectativa é que o volume de negócios possa chegar a um milhão de euros, o que representará um crescimento de mais de 50% face ao período pré-pandemia. Isto, se a guerra não fizer mossa. “Os meus clientes, para já, ainda não sentiram os efeitos da guerra. Estão é preocupados com eventuais aumentos de preço, mas nós já fizemos essa mexida no ano passado, quando a seda aumentou 40%”, explica Ana Lisa.
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Os mercados internacionais estão a reforçar a sua presença. “Quando começámos o projeto de internacionalização da marca, em 2013, com a presença em feiras internacionais, as exportações valiam 7% das nossas vendas. Em 2019, já pesavam 25% e, este ano, representam 45% do volume de negócios”, explica a responsável.
Espanha, França, Estados Unidos e Reino Unido são os principais mercados, mas há clientes um pouco por todo o lado, do Dubai ao Japão. Ainda na última edição da Pitti, no início do ano, em Itália, a Vandoma conquistou novos clientes, no Iraque e na Tunísia, para as suas gravatas de seda. Os tecidos são importados de Itália. “É verdade que muitas empresas de gravatas fecharam a nível europeu e isso dá-nos mais oportunidades. Os casamentos, claro, impulsionam o negócio, mas todos nós estivemos muito tempo em casa e agora sentimos vontade de nos arranjarmos um bocadinho mais. E claro, os americanos e os ingleses gostam mesmo de usar gravata”, sublinha Ana Lisa.
A Vandoma, que fez as gravatas e os lenços das fardas do Pavilhão de Portugal na Expo Dubai, está agora a apostar numa coleção produzida a partir de restos de tecidos vintage, apostando em mercados nórdicos, onde a sustentabilidade é muito valorizada.
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