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O ano de 2022 foi “muito positivo” para o setor dos componentes e acessórios brasileiros, quais as perspetivas para 2023?
Será um ano ainda de mudança. No mercado doméstico tivemos uma troca de governo, não sabemos ainda como tudo se irá reestruturar, mas os sinais do evento foram muito positivos. A indústria procura novidades, o que é um sinal de que, em algum momento no próximo trimestre, o mercado vai estabilizar e o consumo irá reagir e retomar. A expectativa que temos é de manter a performance no mercado interno e de crescermos 5% na exportação.
A internacionalização é uma aposta desde quando?
Já vem de 1998, com uma iniciativa do governo à época de promover as exportações. As matérias-primas e os componentes não são um setor em que os países invistam para exportar, normalmente destinam-se a abastecer o mercado interno, mas o governo acreditou no potencial desta indústria e incentivou essa diversificação. O calçado é um setor muito sensível a choques económicos, porque não é um consumo essencial das famílias em caso de dificuldades. Nada melhor do que diversificar mercados e clientes como forma de melhor sobreviver a esses choques. Começámos pelos nossos vizinhos na América Latina e, pouco a pouco, fomos conquistando outros. Hoje chegamos a 77 mercados distintos.
Portugal foi um dos mercados que mais cresceu. Porquê?
Portugal tem um destaque muito forte no pós-pandemia. O calçado português está, tradicionalmente, muito focado em couro, mas há outros materiais que cresceram muito, em especial, após a covid-19. Na nossa interpretação, isso significa também uma diversificação da indústria portuguesa, tentando não depender tanto das matérias-primas da Ásia. Sente-se que os países procuraram ter um Plano B no pós-pandemia e que o Brasil é uma dessas opções.
A China reabriu, como é que isso vai afetar a relação do Brasil com Portugal?
Abriu e é importante que assim seja porque nenhum outro país no mundo tem a capacidade de produção da China. Acreditamos é que a mudança vai estar do lado dos compradores, com a indústria a recusar-se a depender em exclusivo de um único país. Está à procura de alternativas ou de mercados complementares e é aí que o Brasil entra.
Quanto querem crescer este ano em Portugal?
Precisamos de ver como se vai processar essa relação com a China e qual o grau de recuperação do mercado. Mas temos boas perspetivas para o mercado português, no mínimo, de manutenção dos valores alcançados em 2022.
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A jornalista viajou a convite da Assintecal, com apoio da ApexBrasil
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