A qualidade do ar respirado dentro dos novos A330 neo comprados pela TAP à Airbus está a preocupar a APPLA. O DV sabe que a associação que representa os pilotos de linha aérea enviou uma nota na semana passada aos seus associados a pedir contributos dos profissionais afetados pelo problema, e a informar da intenção de se deslocar à Holanda para debater o assunto com especialistas.
A associação quer conhecer melhor a qualidade do ar na cabine dos A330 neo e, para isso, prepara-se para ir aos Países-Baixos ouvir peritos das áreas da saúde, ciência e aeronáutica. O DV sabe que a intenção é que isso aconteça em breve. Contactada, a APPLA optou por não fazer comentários.
A associação liderada pelo comandante Miguel Silveira já estará em contacto com a presidência da TAP para que a companhia possa ir partilhando a informação de que dispõe sobre os episódios relatados dentro destes novos aviões. E o DV apurou que a associação fez um apelo para que os pilotos seus associados possam reportar situações relacionadas com este caso.
Esta organização junta-se, assim, a outras estruturas que têm mostrado preocupação relativamente aos episódios de enjoos, sensação de desmaio, vómitos e cansaço que têm sido sentidos ocasionalmente por alguns tripulantes dos A330 neo da TAP. O fenómeno começou a verificar-se há cerca de quatro meses e está a ser estudado tanto pela companhia aérea portuguesa como pela fabricante de aeronaves, e acompanhado pelos supervisores do setor.
Como o Dinheiro Vivo avançou ontem, a Airbus admite que o cheiro sentido no interior da cabine está relacionado com o arranque dos motores Rolls Royce e com o sistema de ar condicionado. Em todo o caso, a empresa acrescenta, numa carta à TAP revelada pelo DV que não podem “descartar outras potenciais causas para o problema”.
Ao Dinheiro Vivo, a fabricante europeia garantiu que, “no que diz respeito aos cheiros, foi formada uma task force, com a colaboração dos nossos fornecedores. As investigações técnicas estão já em curso para explorar uma lista exaustiva de potenciais causas do problema”. E acrescenta que “estão a ser adotadas soluções mitigadoras ou permanentes”.
No entanto, a fabricante não avança, para já, qualquer explicação para o mal-estar reportado pelos tripulantes e que continua a ser analisado através de vários medidores instalados nestes aviões. “A Airbus está a trabalhar de perto com o operador [a TAP] que registou estes eventos”, refere a empresa. Seja como for, a fabricante garante que o cheiro e os enjoos não têm correlação direta um com o outro e tanto Airbus como TAP rejeitam que haja um efeito nocivo para a saúde seja de tripulantes como de passageiros.
Ainda ontem, em reação à notícia do DV, a TAP voltou a confirmar que está a trabalhar em estreita cooperação com a produtora Airbus, estando a prestar “com total transparência” toda a informação disponível sobre este tema tanto aos sindicatos como aos trabalhadores, “sobre todas as questões levantadas em torno dos aviões A330-900neo, como a existência de odores em alguns voos e o relato de indisposições reportadas por tripulantes”.
Contactada pelo Dinheiro Vivo, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA), supervisor europeu responsável pela certificação destas aeronaves, também confirma que está a olhar para o caso de perto. “Os nossos especialistas estão a analisar a informação disponível até ao momento para determinar as circunstâncias em que os episódios relatados aconteceram e decidir que ações devem ser tomadas. Até que tenhamos uma conclusão não estaremos em posição para fazer mais comentários”, disse a autoridade europeia.
A TAP tem dez aviões A330 neo, número que deverá aumentar para 21 até final deste ano.
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