//Algarve espera que agosto seja ponto de viragem para o turismo

Algarve espera que agosto seja ponto de viragem para o turismo

O sol e a praia continuam a fazer parte do cartão de visita do Algarve, mas, pelo segundo verão consecutivo, o retrato fica incompleto. A retoma para o turismo ainda não chegou e o Algarve sente-o: a taxa de ocupação em junho foi baixa comparando com 2019 e a de julho, embora possa ser mais elevada, continuará longe dos níveis registados antes da pandemia. A Região do Turismo do Algarve (RTA) acredita que agosto – em especial a segunda metade – e setembro podem marcar um ponto de viragem. Mas os portugueses e espanhóis (mercados de proximidade) deverão continuar a ser os principais clientes. Um maior fluxo de turistas oriundos dos principais mercados externos deverá ser só a partir de setembro.

Desde a última segunda-feira (19 de julho) que os britânicos que já tenham concluído o processo de vacinação podem viajar para destinos na lista amarela e não têm de cumprir quarentena no regresso a casa. A procura e a reserva de voos do Reino Unido para Espanha disparou na casa dos 400%, de acordo com a imprensa. O Algarve, contudo, não nota uma enchente de turistas oriundos das ilhas britânicas, mas admite que há menos cancelamentos.

“Os espanhóis não tiveram a oportunidade do corredor verde [como Portugal durante três semanas] e os espanhóis representam mais de 20% da procura externa dos britânicos. São o maior destino para os britânicos e ainda mais preponderante durante a época balnear. E há muita gente que tem lá segunda residência e o que não aconteceu antes – e nomeadamente no Algarve – é que agora há uma fase inicial de abertura”, começa por explicar João Fernandes, presidente da RTA.

A decisão de Londres abre a porta aos turistas britânicos vacinados possam viajar para grande parte da bacia do Mediterrâneo, colocando os principais destinos de veraneio quase em igualdade de circunstâncias, ou seja, numa situação de concorrência aberta. Integram a lista amarela dezenas de países, entre eles além de Portugal, Espanha, Itália, Mónaco e Grécia. O responsável identifica dois fatores para que o Algarve não lidere a captação destes turistas que, até à pandemia, eram o principal mercado emissor. Por um lado, “não gozamos de uma imagem privilegiada da condição epidemiológica. Por outro, já tínhamos beneficiado do período em que estávamos na lista verde”.

A Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) já tinha indicado no início da semana que a decisão de Londres representava “mais um passo em frente no sentido do levantamento das restrições” e que a hotelaria algarvia estava “de alguma forma expectante relativamente ao impacto que isto pode ter no aumento da procura por parte dos turistas britânicos”. Contudo, frisou também que era prematuro saber como esta medida vai impactar na procura.

João Fernandes reconhece que “o que está a acontecer desde a decisão britânica é uma redução dos cancelamentos. Não tanto um aumento expressivo de novas reservas”. Com a pandemia, quer unidades hoteleiras quer companhias aéreas, adotaram políticas mais flexíveis para cancelamentos, podendo na maioria dos casos os clientes cancelarem os planos praticamente em cima da hora sem custos.