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É pela cidade do Porto que passa toda a tecnologia do “Alibaba” do continente africano. A Jumia é uma plataforma de comércio eletrónico fundada em Lagos, Nigéria, em 2012, e que conta com 7,3 milhões de consumidores ativos por ano. Lançado em 2017, o escritório da Invicta já conta com 350 pessoas e vai recrutar mais de cem ao longo do próximo ano.
O português Hugo Conceição é uma das figuras de referência do grupo africano. É o responsável tecnológico e por toda a parte da engenharia da Jumia. O grupo está assente em três pilares, todos desenvolvidos a partir de um escritório localizado perto da rotunda da Boavista.
Tudo começa no pilar da montra de produtos (marketplace), que liga milhões de consumidores a milhares de vendedores. O grupo foi reforçado, entretanto, com a componente da logística – para garantir a entrega das encomendas – e a parte financeira (Jumia Pay) – para gerir internamente as transações financeiras.
Outros negócios foram abertos mais recentemente, como a solução para entrega de refeições e de mercearias. As soluções para a logística e para as finanças também já são exploradas por entidades terceiras, em regime de marca branca.
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Foi por causa de um “foguetão” que começou a relação entre o grupo Jumia e a cidade do Porto. A incubadora alemã Rocket Internet foi uma das primeiras investidoras na tecnológica africana – nem se imaginava que viria aí o primeiro unicórnio africano, a valer pelo menos mil milhões de dólares (884,2 milhões de euros) e a entrada na bolsa de Nova Iorque, em 2019.
A mesma Rocket Internet abriu um escritório de desenvolvimento no Porto, em 2012. “Foram feitos vários projetos neste escritório e um deles foi a Jumia”, recorda Hugo Conceição. Cinco anos depois, a plataforma africana “tornou-se no único projeto” aqui no Porto. O foguetão alemão deu lugar ao unicórnio africano nesse momento. Passados cinco anos, a Jumia aposta cada vez mais em Portugal.
“No Porto, através da universidade, temos acesso a talento de grande qualidade. Grande parte da plataforma foi construída a partir daqui. Além do desafio tecnológico e do mercado africano sempre em crescimento, temos o propósito de mudar, para melhor, o dia a dia em África”, nota o gestor.
Já neste ano, a equipa de Portugal passou a trabalhar com colegas no Egito. Além das duas horas de diferença entre Porto e Cairo, a organização da semana poderia ser um desafio. Só que a empresa deu a volta ao fim de semana à sexta e sábado no Egito.
“Em vez de perdermos dois dias ao fim de semana, só perdemos um. Treinámos a equipa do Cairo para que possa funcionar de forma completamente autónoma ao domingo, quando estamos fechados.”
No próximo ano vão entrar no Porto mais engenheiros de software, gestores de produto e engenheiros de cibersegurança. O conhecimento em dispositivos móveis é fundamental, pois os consumidores dos 11 países africanos onde a Jumia está presente passaram de não ter nada a terem telemóveis com acesso à internet e onde podem comprar com toda a confiança.
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