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A presidente da Altice Portugal, Ana Figueiredo, afirmou esta quinta-feira que o atual contexto da indústria das telecomunicações coloca pressão na rentabilidade do negócio telco e, por isso, será “normal” assistir a operações de consolidação na indústria. Uma dessas operações decorre em Portugal entre a Vodafone e a Nowo, um negócio que a gestora diz estar a acompanhar para saber o que irá acontecer às licenças 5G da Nowo.
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“Estamos a acompanhar [o negócio entre a Vodafone Portugal e a Nowo], já fizemos os nossos comentários em sede própria e no momento adequado”, revelou a gestora durante a tarde de hoje, num encontro com a comunicação social que serviu para apresentar a estratégia da empresa até 2030.
Sem detalhar muito, Ana Figueiredo realçou a curiosidade que tem em saber “como vão ser aplicados os remédios [exigidos pela Autoridade Nacional de Comunicações, vulgo Anacom] relativamente ao espetro [5G] e como esse espetro foi adquirido no leilão 5G.
“No leilão do 5G foram leiloadas dois tipos de frequências de espetro. Um deles restrito a novos entrantes [leia-se operadores] no mercado, e o outro, nos 3,6 GHZ tinha um cap associado – nenhum operador podia adquirir mais do que 100 MHZ [naquela banda]”.
A 30 de setembro de 2022, a Vodafone Portugal anunciou ter chegado a um acordo para a aquisição da Nowo (atualmente detida pela MásMóvil). Ora, seguindo as regras da regulação, a Anacom enviou para a Autoridade da Concorrência (AdC) um parecer em que recomendava a imposição de condições à Vodafone para o negócio ter luz verde. O principal é a devolução dos direitos de utilização de frequências adquiridos pela Nowo no leilão do 5G, na fase reservada a novos entrantes.
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Com consolidações a multiplicarem-se, Altice continuará a diversificar
“É normal a consolidação na indústria”, disse Ana Figueiredo quando instada a comentar o estado atual do setor das telecomunicações. A gestora notou que diferentes operações estão “a decorrer em vários países e é normal que se multipliquem”
Questionada se a Altice poderá vir a envolver-se nalgum negócio, a CEO da Altice Portugal ironizou: “Do ponto de vista regulatório dificilmente nos deixariam”. No entanto, num tom mais sério, admitiu que a telecom “está sempre disponível para analisar oportunidades”.
“A vida nas empresas é feita da procura de oportunidades, de novas áreas para investir. Avaliamos permanentemente novas oportunidades de investimento. Chegam-nos muitas propostas para investirmos, da mesma maneira que nos chegam propostas de outros players que querem comprar ativos nossos ou quererem investir em conjunto connosco no desenvolvimento desses ativos”, explicou Ana Figueiredo.
Nesse sentido, a gestora reiterou que a operação portuguesa não está à venda. Todavia, quanto ao data center da Covilhã – que a Bloomberg noticiou estar incluído num pacote de ativos que o grupo Altice quer alienar -, Ana Figueiredo referiu estar a decorrer um “período de silêncio” sobre o tema. “Não me posso alongar sobre o futuro do data center [da Covilhã]”, disse.
Quanto à ambição da dona da Meo em continuar a investir em áreas fora das telecomunicações, a CEO disse: “Estamos dispostos a olhar para outros setores também”. Contudo, não disse quais, porque “no mundo dos negócios, normalmente, primeiro faz-se e depois anuncia-se”.
Apesar de não especificar, garantiu que uma das áreas a reforçar investimentos é a energia. Desde 2020 que a Altice tem a Meo Energia, cujos serviços já beneficiam 500 mil pessoas de acordo com os dados apresentados esta tarde pela CEO da Altice Portugal. “Na energia queremos continuar a consolidar”, asseverou.
5G sem atrasos
Ao falar de operações de concentração e de investimentos, a gestora acabou também por fazer um ponto de situação no cumprimento das metas do 5G.
“Vamos cumprir com os nossos compromissos no 5G. Até agora não tem havido nenhum atraso”, afirmou Ana Figueiredo.
Segundo a gestora, atualmente, a rede 5G da Meo já cobre 90% da população e o objetivo é chegar aos 95% no final de 2023. “Cobrimos [hoje] 285 municípios e no próximo mês vamos estender essa cobertura 5G a Pedrógão Grande”, revelou.
A implementação da nova rede coloca a dona da Meo com grandes encargos. A presidente executiva disse mesmo que 2023 “será um dos maiores anos de investimento” da empresa. No entanto, e ainda que questionada, não revelou qual o montante de investimento previsto pela empresa.
Segundo a gestora, a Altice tem investido uma média de 500 milhões de euros por ano no desenvolvimento das suas redes de telecomunicações. Desse valor, uma média de 80 milhões de euros vai para a área de I&D (inovação e desenvolvimento).
Simultaneamente, a Altice continua a investir no 4G, que cobre já 99,8% da população, e no descomissionamento de tecnologias ligadas ao cobre. O cobre vai ser descontinuado em seis fases, até 2033. A primeira fase termina em 2028 e a última em 2033. O foco é a rede de fibra ótica, que é gerida pela Fast Fiber (detida em 51% pela Altice Portugal) e que já serve 6,2 milhões de lares portugueses.
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