//Americanos “atentos” ao poder chinês na EDP

Americanos “atentos” ao poder chinês na EDP

Seis meses depois de a OPA chinesa à EDP ter ficado arrumada pelo chumbo à tentativa de desblindagem de votos, os Estados Unidos – onde a EDP tem investimentos relevantes nas eólicas – continuam vigilantes. Isso mesmo confirmou o vice-secretário Adjunto do Departamento de Energia americano, num encontro com jornalistas promovido pelo embaixador em Lisboa.

Entre a China Three Gorges, maior acionista da elétrica portuguesa (23,27%), e a CNIC (4,34%), a China controla mais de um quarto do capital e a EDP “é um investidor muito significativo na rede elétrica americana”, explica Michael Considine. A participação chinesa implica lugares e influência significativa na administração, pelo que os Estados Unidos consideram essencial “continuar a monitorizar” essa presença. Já em março, antes de a OPA ficar para trás, o embaixador americano em Lisboa, George Glass, afirmara ao Jornal Económico ser esse um dos temas principais na sua agenda desde que foi nomeado pela Administração de Donald Trump, acrescentando então que “em nenhuma circunstância” iriam deixar que fossem os chineses a controlar o que a EDP tem nos Estados Unidos.

Atualmente, a participação acionista americana na EDP fica aquém dos 18%, de acordo com as contas semestrais da companhia. Mas a operação nos Estados Unidos (onde ainda na semana passada foi dada luz verde à construção de novo parque eólico) é parte significativa dos resultados da empresa, com metade dos 11 mil MW de capacidade instalada da EDP a fixar-se nos EUA projetando-a ao lugar de líder mundial em energia eólica. A posição maioritária chinesa numa empresa com investimentos significativos nos Estados Unidos é algo que Considine admite não ser pacífico para a Administração americana, que deverá introduzir já em fevereiro regras para avaliar a entrada ou reforço de investimentos em casos semelhantes ao da EDP.

O plano da EDP até 2022. Veja aqui

Ainda que essas medidas não se antecipem retroativas, podem ser geradoras de obstáculos ao negócio da elétrica portuguesa nos Estados Unidos – e constituir mais um engulho na já tensa relação entre as duas forças acionistas na EDP, num momento em que a guerra comercial entre Washington e Pequim vai tendo efeitos pelo mundo inteiro.

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Com os acionistas chineses a apostar na América Latina – aquando da OPA antecipava-se já que a China Three Gorges estaria disposta a aumentar a exposição aos ativos brasileiros da EDP, uma espécie de plano B apontado por fontes ligadas ao processo à Bloomberg – e o fundo Elliot (2,45% da EDP) ativamente focado nos investimentos nos Estados Unidos, a solução pode muito bem vir a passar por uma divisão na elétrica.

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