Partilhareste artigo
A nova versão do Android, que a Google revelou hoje na sua conferência anual I/O, marca um ponto de inflexão no visual, organização e funcionalidades do sistema operativo móvel. “É a maior mudança de design desde 2014”, afirmou Sebastian Bauer, diretor sénior de design para Android e Pixel, numa mesa redonda em que o Dinheiro Vivo participou.
“Este novo design, que foi criado em colaboração com as equipas de materiais e hardware, não é apenas fluído e bonito, é também altamente adaptável ao utilizador e às suas escolhas”, descreveu. Na conferência de arranque do Google I/O, o vice-presidente de Material Design Matías Duarte introduziu a novidade da seguinte forma: “E se em vez de a forma seguir a função, a forma seguisse o sentimento?” O novo design, “Material You”, inclui o utilizador como co-criador.
Isso será evidente sobretudo nos smartphones Pixel, da própria Google, que serão os primeiros a receber o novo Android 12 e também beneficiarão de características exclusivas, numa harmonização cada vez mais evidente entre o hardware e o software controlados pela marca. Segundo explicou Sebastian Bauer na mesa redonda, uma dessas características exclusivas é a extração de cor: “Vamos personalizar o seu telefone com uma paleta de cores baseada na sua imagem do pano de fundo.”
Ou seja, o algoritmo irá escolher entre milhões de combinações e criar um esquema cromático exclusivo para o smartphone baseado no wallpaper que o utilizador escolher. Quem quiser pode desligar esta funcionalidade e optar por um esquema de cores padronizado, mas a ideia de ter uma paleta única é bastante interessante. A “color extraction” funciona igualmente no modo escuro, mas é um exclusivo dos modelos Pixel.
Subscrever newsletter
Isto é uma diferenciação importante, porque a Google quer que os seus modelos espelhem uma integração mais firme e sobressaiam pela experiência afinada.
“A Samsung e os outros fabricantes vão dar o seu toque ao design”, notou Bauer. “Esta linguagem de design, que propaga uma personalização profunda, é proprietária do Pixel.”
Quase tudo o que o utilizador verá no seu telefone terá um aspeto refrescado. O relógio tem mais proeminência no ecrã principal, os botões são maiores e os widgets mais vibrantes.
“O layout é um pouco mais ousado e opinativo”, adjetivou Sebastian Bauer, dando vários exemplos destas novas qualidades. Um deles é um sentido de “consciência contextual”, disse o responsável, detalhando que o design vai parecer estar mais “vivo”, “dinâmico” e em harmonia com o contexto em que o utilizador o está a usar. Por exemplo, quando o liga a luz inicia-se no fundo do ecrã e sobe como uma onda. Há menos confusão nos ecrãs, com uma grelha “mais aberta e menos densa” e o sistema de notificações – otimizado de alto abaixo – tornou-se mais legível. O espaço “é mais confortável e acessível”, descreveu Bauer.
Outra novidade é que, quando se chega ao final de uma página, há agora um novo efeito overscroll. Os elementos visuais esticam e ressaltam ligeiramente, como se fossem elásticos. No geral, todo o sistema tem mais animação e parece mais vibrante, mas com menos ruído visual.
“Precisávamos de limpar as coisas e torná-las mais fáceis de usar”, resumiu Bauer.
Segundo o executivo, a Google analisou o cenário do design e considerou que se tinha tornado rígido, a necessitar de um “antídoto humanista.” É por isso que a modificação não será um exclusivo do Android. Este refrescamento significativo vai alastrar-se a todo o ecossistema Google, dos wearables aos computadores, numa espécie de nova era na linguagem visual da marca, que quer alinhar tudo, do hardware ao software. “Estamos a olhar para isto como um sistema de design holístico que viverá em todos os nossos produtos, agora e no futuro”, confirmou Bauer.
Para o responsável, o utilizador não só terá uma experiência mais confortável, como também sentirá maior confiança na sua capacidade de usar o seu aparelho de uma forma que pode controlar.
É aqui que entra o outro grupo de mudanças significativas no Android 12: a privacidade. A gestora de produto Charmaine D”Silva explicou, durante a mesa redonda que aconteceu após o arranque do Google I/O, que a ideia é fornecer mais controlo e mais transparência.
Os utilizadores passarão a ter um painel de controlo de privacidade mais robusto, onde poderão ver, por exemplo, quais as aplicações que têm acesso à câmara, localização, microfone e outros elementos, a que horas iniciaram o acesso e a que horas terminaram. Passará a haver uma forma de bloquear integralmente o acesso à câmara e à localização, bastando acionar dois botões, e o utilizador pode também escolher se quer dar permissão de acesso à sua localização precisa ou apenas localização aproximada.
De acordo com o que a Google indicou neste primeiro dia de I/O, há 11 fabricantes parceiras a trabalhar no Beta do Android 12, incluindo Nokia, OnePlus, Xiaomi, Asus e TCL. Outras novidades que serão interessantes para os utilizadores passam pela inclusão de um controlo remoto para sistemas Android TV (tipo Chromecast) e a possibilidade de abrir o carro com uma “chave” virtual via NFC e UWB. Tal funcionalidade estará disponível nalguns modelos Pixel e Samsung Galaxy lá para o final de 2021 e a BMW já anunciou que vai ter isto a funcionar nos seus futuros carros.
Deixe um comentário