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O Bairro do Silva, ilha operária que surgiu no final do século XIX em pleno coração do Porto, transformou-se num aparthotel de 40 habitações, onde o luxo impera entre os corredores estreitos que caracterizam o miolo desta estrutura residencial típica da Invicta, no cuidado da recuperação das pequenas casas, nos pormenores de decoração e na tecnologia disponível em todos os espaços. Foi pelas mãos de Lior Zach e George Vinter, fundadores da empresa hoteleira Boa Hotels, que os cinco edifícios que compunham o bairro deram lugar ao Village By Boa, depois de detetarem uma procura crescente de apartamentos como alojamento turístico. Este é o primeiro aparthotel destes empresários em Portugal, cujos planos de crescimento estendem-se já ao Douro e a Lisboa.
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O Village By Boa estreia um modelo de negócio assente na procura de oportunidades e dos investidores certos. Como revelam os fundadores, a Boa Hotels deteta projetos com potencial, elabora a due diligence e procura o investidor. Posteriormente, cria o conceito hoteleiro, desenvolve o plano e executa as operações. O projeto portuense desenrolou-se ao longo de três anos, desde a fase de planeamento até à abertura oficial, em maio do ano passado. O investimento foi realizado pelo israelita Ben Shahar Investment Group, companhia imobiliária focada em projetos históricos. O valor aplicado é confidencial. Agora, os gestores estão a negociar um spa resort no Douro e dois hotéis de cidade em Lisboa. Como afirmam, “estamos interessados em investir tanto em localizações urbanas como rurais”, e “abertos a todas as opções, desde que sejam financeiramente viáveis”.
Casas com história
Enquanto não fecham as negociações, Lior Zach e George Vinter estão a promover o seu primeiro projeto com assinatura Boa Hotels, assinalando o cuidado na recuperação dos edifícios construídos para acolher em tempos passados as famílias dos operários da cidade. A ilha do Silva – ilha é a designação dada no Porto a um conjunto de pequenas habitações, erigidas no miolo de quarteirões, normalmente separadas por estreitos corredores, e longe dos olhares dos transeuntes -, é agora um espaço onde impera o luxo, mas respeitando o edificado desde o primeiro traço da sua reabilitação. Como frisam, os arquitetos mantiveram toda a volumetria existente, com a preocupação em “comprometer o programa ao edifício e não o edifício ao programa”.
O Bairro do Silva transformou-se em duplexes, estúdios e apartamentos, com áreas desde os 30 aos 85 metros quadrados, e um ou dois quartos, com cozinhas equipadas, no objetivo de criar uma vila a dois passos do histórico e renovado Mercado do Bolhão e da zona comercial mais emblemática da cidade. O projeto é assinado pelo gabinete de arquitetura Pablo Pita, que procurou soluções construtivas para preservar a memória do lugar, unificando as habitações até ao nível da escolha das cores das casas. O Bacana Studio idealizou o mobiliário, que foi todo produzido à medida, em Portugal, e fez uma curadoria de objetos, com a colaboração de artistas locais, visando recriar um ambiente tranquilo, de influência artesanal. Os materiais selecionados vão desde a corda, o cobre, a argila, a madeira, o linho das cortinas, ao ratan. O pátio exterior, típico nestes bairros portuenses, é abrilhantado com vasos com mais de 300 anos de Mafra e uma escultura com três metros de altura, em forma de árvore, assinada pelo artista Zadok Ben-David. O Village oferece ainda um espaço no topo do edifício principal, com 120 metros quadrados, pensado para acolher eventos privados.
E como não podia deixar de ser nos tempos atuais, o projeto apostou num serviço com alta tecnologia. Os hóspedes têm acesso a uma app do hotel, onde podem ver e editar as suas informações de reserva, conversar diretamente com a equipa, reservar passeios ou transportes. A aplicação também permite fazer o check-in antes da chegada, ou o check-in e o check-out sem terem de falar com os colaboradores ou esperar. O Village oferece ainda uma sala de fitness aberta 24 horas, cesto de pequeno-almoço à porta do alojamento, serviços de concierge, entre outros. Neste primeiro ano de operação, a maioria dos turistas que escolheram o bairro para se hospedar no Porto foram norte-americanos e europeus, com destaque para franceses, alemães e espanhóis.
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