//Aos 75 anos, a Mariano Shoes ganha uma segunda vida

Aos 75 anos, a Mariano Shoes ganha uma segunda vida

No inicio do milénio, a Mariano era conhecida pelos sapatos de peles exóticas com que se apresentava nas feiras internacionais, como as patas de galinha ou a perca do Nilo, mas também por calçar alguns dos mais proeminentes políticos nacionais, como Jorge Sampaio, Manuel Pinho ou Marques Mendes. Detida pela Manuel de Almeida Jorge & Filhos, a marca de calçado de luxo para homem, de São João da Madeira, atravessou dificuldades e chegou a encerrar, na década seguinte. Está, agora, de volta pela mão de um novo acionista – Fernando Neves de Almeida, criador da Neves de Almeida, que opera na área dos serviços e dos recursos humanos -, um apaixonado por sapatos e cliente da marca, que está apostado em dar-lhe uma nova vida. A intenção é recuperar o saber fazer dos artesãos que, há 75 anos, produzem, à mão, o calçado Mariano, mantendo os descendentes da família do fundador, a terceira e a quarta geração, na empresa. Em ano de pandemia, a Mariano Shoes desafia o mercado com uma coleção para senhora.

O negócio foi feito ainda em maio de 2019 e a expectativa era que 2020 marcasse o regresso da Mariano aos palcos internacionais, designadamente com presenças em Itália e em Paris. A covid-19 obrigou a adiar um pouco mais a presença em feiras, mas, em contrapartida, permitiu reforçar o e-commerce. No total, foram já investidos um milhão de euros, designadamente na compra de novos equipamentos e na dinamização do online, canal onde 80% das vendas são para mercados internacionais, caso dos EUA, Inglaterra e França. A reinternacionalização da marca é a grande prioridade, a par da conquista de espaço nas sapatarias nacionais. “O feedback no online mostra-nos que há muitos clientes que nos reconhecem”, diz a diretora executiva da All Around Shoes, Fátima Oliveira, que conta com 20 anos de experiência no sector, tendo passado por empresas como a Aerosoles, a Move On ou a SIX LONDON, o projeto de calçado de José Neves, o fundador da Farfetch.

Este ano, a apresentação dos sapatos Mariano está a ocorrer maioritariamente pelos canais digitais. A aceitação do produto “tem sido muito boa”, mas os stocks elevados dos retalhistas, que estiveram meses fechados, sem vender, não ajuda. “Estamos confiantes que, tendo a questão da pandemia resolvida, conseguiremos rapidamente tornar a mariano uma marca de referência internacional”, afirma Fátima Oliveira. A empresa conta com 20 trabalhadores e a intenção era alargar a equipa, um plano que fica à espera de melhores dias. “Os resultados estão a chegar e a tornar-se visíveis, mesmo que não seja à velocidade a que esperávamos. Temos a certeza que retomaremos os planos para novas contratações logo que as condições se mostrarem favoráveis”.

Quem é o cliente tipo da Mariano? “Pela sua tipologia de produtos, é uma marca que se posiciona no segmento de luxo e que foi sempre muito apreciada por políticos, advogados e médicos, por um cliente que gosta muito de estar elegante, mas dá, também, uma atenção muito especial ao conforto”, refere. Agora, a marca vai, também, dar atenção ao segmento feminino. A coleção de outono-inverno tem já oito modelos, “muito inspirados na tipologia do calçado Mariano para homem”, e de venda exclusiva online para testar o conceito. A próxima coleção, de primavera-verão, vai já incluir sandálias e outros modelos desenvolvidos especificamente a pensar nas mulheres, e estará já disponível para venda no retalho tradicional. Para breve, há outros projetos na calha, designadamente na área da marroquinaria.

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