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A Sanjo é indiscutivelmente a mais antiga marca portuguesa de sapatilhas ainda em produção e está a comemorar 90 anos, marco que assinala com a chegada, muito desejada, da coleção para crianças. Mas não só. Apostada em rejuvenescer o seu público alvo, chegando a novas franjas de consumidores, lançou o modelo BSK33 com o qual pretende recuperar o seu legado no basquetebol nacional, designadamente ao serviço da Sanjoanense. A internacionalização é a grande aposta.
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Nascida em São João da Madeira, como o próprio nome o indica, a Sanjo vive hoje a sua terceira vida, com a bracarense M2Bewear, de José do Egipto e Hélder Pinto, que comprou a marca e a relançou em setembro de 2019. E mesmo com a pandemia pelo meio, a Sanjo tem vindo a crescer ano após ano. O lançamento constante de novos produtos, a par da linha de icónicos – os primeiros modelos de sempre da Sanjo, os K100 e K200, que têm uma legião de fãs fiéis -, ajuda a explicar o sucesso.
E 2022 foi um ano “muito bom” para a marca, que está já em mais de 120 pontos de venda em todo o país, designadamente em cadeias como Ericeira, Fuschia, Marques Soares ou The Feeting Room. O ano marcou também a abertura de dois espaços próprios, em regime de pop-up, nos armazéns El Corte Inglès de Lisboa e do Porto. E o que era para ser uma experiência de seis meses foi agora renovada, para grande satisfação do seu responsável. “Deu-nos uma visibilidade muito grande e é um investimento que ajuda a posicionar a marca”, refere José do Egipto. A Sanjo assegurou, em 2022, uma faturação total de 2,2 milhões de euros, o que representou um crescimento de 57% face ao ano anterior.
O objetivo para este ano é chegar aos três milhões de euros, à boleia também da internacionalização, área em que a empresa vai dando “alguns passos, ainda que tímidos”. Aos mais de 30 pontos de venda onde está presente em Espanha juntam-se cerca de uma vintena em Itália. Para a Suécia seguiu esta semana a primeira encomenda. A empresa tem ainda agentes em França, na Sérvia e em Israel, mercado que “no ano passado já teve algum peso”. Os mercados internacionais representam, para já, 10% das vendas da Sanjo. “Há muito potencial, mas a nível externo leva mais tempo. A marca não é conhecida, a penetração no mercado vai ser mais lenta”, reconhece o empresário.
Sobre as perspetivas de futuro, José do Egipto é cauteloso: “Ter a coleção de roupa, que colocámos à venda em 2021, lojas próprias e o calçado kids, que estamos agora a apresentar ao mercado, eram objetivos muito fortes e que obrigaram a grandes investimentos. Agora temos que ganhar algum fôlego, porque tudo isto foi feito com capitais próprios e as dores de crescimento são terríveis”. Por outro lado, a retração dos consumidores é uma preocupação, sobretudo, atendendo aos “aumentos brutais” das matérias-primas e que a empresa teve que absorver, na sua grande maioria. “Fizemos alguns ajustamentos pontuais, não podíamos deixar de os fazer. Mas as gáspeas, por exemplo, quase duplicaram o preço”, diz José do Egipto.
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A Sanjo, para já, ainda não sentiu os efeitos da retração no consumo – as vendas estão a crescer 50%, em termos homólogos, neste arranque de ano -, mas está já a deparar-se com “algum abrandamento” na aceitação da coleção de inverno, que está agora a apresentar aos retalhistas. Sobre a linha de criança, disponível nos tamanhos 24 ao 34 (em alguns modelos vai só do 28 ao 34), “ainda é cedo” para aferir da sua aceitação. Com preços que variam entre os 65,5 e os 79,5 euros, este pode ser um entrave, reconhece, embora explique: “São produtos mais pequenos, mas mais trabalhosos. Não é um preço competitivo, mas é um preço made in Portugal por uma empresa que privilegia as matérias sustentáveis e que está certificada no sistema de gestão da conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal”.
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