A Associação das Empresas de Grande Distribuição (APED) tinha dúvidas sobre se a restrição de horário do comércio na região da grande Lisboa decidida pelo governo ontem incluía os super e hipermercados. Mas esta tarde esclareceu as dúvidas junto do ministério da Economia, que clarificou que todo o retalho, especializado e alimentar, dentro e fora dos centros comerciais, terá de fechar às 20 horas na região de Lisboa e Vale do Tejo. Embora sem indicação oficial, a expectativa da APED é que a restrição de horário se prolongue por 15 dias.
“Tínhamos uma certa esperança que houvesse bom senso da parte do governo. A medida não era completamente clara. Estivemos sempre fora, mas fomos informados pelo ministério da Economia que a medida é generalista, igual para todos”, adianta Gonçalo Lobo Xavier, secretário-geral da APED, ao Dinheiro Vivo. A restrição apanhou as grandes cadeias de distribuição de surpresa, uma vez que mesmo no pico da epidemia, lojas como o Continente, Pingo Doce ou Auchan, representadas por esta associação, puderam encerrar mais tarde.
O responsável vai mais longe dizendo que se está “a assistir a uma perseguição. Não é por fechar mais cedo que se vai diminuir a pandemia. Estes espaços não têm sido focos de pandemia, pelo contrário. A medida é muito lesiva para as empresas e não vai contribuir para a saúde pública”, defende Gonçalo Lobo Xavier, que frisa que muitos consumidores vão às compras entre as 20 e 22 horas, depois de saírem do trabalho.
A APED queixa-se ainda de não ter tido tempo para se preparar. “A decisão foi pouco clara e demonstra pouco respeito pelo setor. Não fomos consultados e é muito difícil tomar decisões em 24 horas, nomeadamente ajustar horários. Há uma agitação nas operações que vai ter impacto”, sublinha o secretário-geral da APED.
Depois da corrida dos portugueses aos supermercados no final de março e em abril, que aumentou as vendas das grandes cadeias de distribuição, o que se verifica agora é uma quebra, assegura Gonçalo Lobo Xavier. “Os índices de consumo estão a diminuir, os portugueses estão receosos quanto ao futuro e à manutenção dos seus postos de trabalho”.
Segundo este responsável, nas lojas “o índice de tráfego tem caído bastante, na ordem dos 40, 50, 60%, diminuição que se pode vir a replicar no volume de vendas”. O secretário-geral da APED adianta que neste mês de junho as vendas estão 20% abaixo do mesmo mês do ano passado. “O consumo está a diminuir bastante e esta medida contribui para a falta de confiança dos consumidores”.
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