//APREN aplaude fecho das centrais a carvão, mas alerta para riscos

APREN aplaude fecho das centrais a carvão, mas alerta para riscos

Depois do primeiro-ministro, António Costa, ter anunciado na cerimónia de tomada de posse do novo Governo, que em vez de encerrarem em 2030 as centrais a carvão de Pego e de Sines vão fechar portar já em 2021 e 2023, respetivamente, a Associação de Energias Renováveis veio esta quarta-feira dizer que “concorda” com a decisão.

“A APREN considera que este encerramento não só é tecnicamente possível como desejável, no âmbito de uma estratégia de transição energética ambientalmente sustentável, que promova a coesão social e aumente o rendimento disponível do consumidor, através da redução incremental do preço da eletricidade”, disse a associação em comunicado.

Esta semana, números divulgados pela REN, relativos a outubro, mostram que o carvão representou nesse mês 11% do consumo de eletricidade. “A produção a carvão tem registado valores historicamente baixos, sendo que no período de janeiro a outubro as centrais a carvão apresentam mesmo as utilizações mais baixas de sempre”, sublinhou a REN.

De acordo com a APREN, a produção das centrais do Pego e de Sines “será gradualmente substituída por geração a gás natural, com uma redução de emissões específicas de gases de efeito de estufa da ordem de 1/3 (reduzindo também CO2/kWh), ao mesmo tempo que liberta capacidade para instalar mais potência renovável, nomeadamente solar, sem necessidade de investimentos adicionais em rede de transporte”.

No entanto, a associação das renováveis avisa que esta decisão do Governo “não está isenta de riscos e de alterações nos resultados socioeconómicos, que têm que ser acautelados”. Estes riscos estão relacionados com a segurança do abastecimento elétrico nacional e com o possível aumento da dependência de importações de energia elétrica de Espanha.

“É crucial que não venha a acontecer a situação caricata de Portugal estar a fechar as suas centrais a carvão para passar a importar produção elétrica proveniente de centrais a carvão de Espanha”, alertou a APREN.

“É fundamental concluir o aproveitamento hidroelétrico do Alto Tâmega que, com a sua capacidade de bombagem de 880 MW, permitirá ter uma capacidade de reserva deste montante, contribuindo positivamente para o equilíbrio de preços no mercado, e para que, em situações extremas de consumo ou de escassez de produtibilidade renovável, se reduza a dependência de importação de Espanha a preços excessivos ou eventualmente especulativos”, refere a APREN, acrescentando: “É também essencial que as tecnologias solar e eólica aumentem a potência instalada e o montante de geração de eletricidade, tal como o PNEC 2030 preconiza. Para o caso do solar, isto aplica-se tanto a nível de centrais de escala “grande dimensão”, como nas centrais de pequena dimensão e distribuídas pelos setores residencial, de serviços, agrícola ou industrial.

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