Já lá vai o tempo em que os chocolates da Arcádia eram apenas uma prenda de Natal ou uma lembrança de viagem. A empresa familiar do Porto chega aos 86 anos a virar-se cada vez mais para os consumidores portugueses, sem esquecer os estrangeiros. Além das novas lojas no Porto e em Lisboa, a marca prepara-se para apostar pela primeira vez no mercado internacional.
No Porto, a Arcádia vai ter uma nova loja na Praça Francisco Sá Carneiro (também conhecida como Praça de Velásquez), que será aberta “antes do Natal ou no início de 2020”, assinala Francisco Bastos, o líder e o principal representante da quarta geração da família.
A Invicta também vai ter dois novos quiosques da empresa no próximo ano. Estes quiosques, lembra Francisco Bastos, “servem para diversificar o consumo. Apostamos num serviço que vá além do mero café e pastel de nata a que todos se habituaram.”
Haverá ainda novidades na loja da Rua do Almada, onde a história da Arcádia começou, em 1933. “Estamos a reformular este espaço. As nossas funcionárias vão fazer chocolate ao vivo e as senhoras que pintam as amêndoas também vão estar lá.”
Na Invicta, foi fechada uma parceria com um hotel temático que vai abrir neste ano na cidade: “Vamos dar o nome a um dos quartos.”
Nos planos está também a concentração de toda a produção da empresa na fábrica da Arcádia no Grijó – até agora, as amêndoas ainda eram feitas numa unidade junto à loja original da empresa.
Em Lisboa, há outras mudanças. O Chiado voltou a ter uma loja da Arcádia, depois de praticamente dois anos de ausência. Lá dentro, além dos gelados e dos típicos bombons da empresa, há uma novidade em forma de retângulo.
“As tabletes servem para aumentar o consumo de Arcádia dentro do nosso ambiente. 40% do chocolate consumido no ano passado em Portugal foi na forma de tablete. É uma tendência claramente identificada.” Além do Chiado, estas tabletes também poderão ser encontradas noutros quiosques e em lojas.
Mas Francisco Bastos põe de lado uma aposta na grande distribuição. “Somos uma marca premium e temos muito cuidado com os locais onde colocamos os nossos produtos. Apenas fazemos grande distribuição sazonalmente.”
A marca chocolateira dá emprego a cerca de 170 pessoas e tem espaços de venda no Porto, Lisboa, Cascais, Coimbra, Aveiro, Viseu, Braga, Guimarães e Almancil.
Aposta no estrangeiro
No ano passado, as receitas da Arcádia cresceram 17%, para 7,1 milhões de euros. Tudo feito a partir da atividade da empresa em solo nacional. Mas este cenário vai mudar no próximo ano.
A empresa já prepara a abertura do seu primeiro espaço fora de Portugal. “Estamos à procura de um espaço em Espanha e temos algumas cidades selecionadas no nosso plano. Muito provavelmente, vamos começar com lojas ou quiosques.”
Os espanhóis (e não só) poderão esperar a marca nos centros comerciais. “É uma entrada com menos risco porque conseguimos logo muita afluência de clientes. Espero que no próximo ano possamos concretizar isso.”
Mas a Arcádia já está a vender chocolates no estrangeiro. “Entrámos numa rede de supermercados gourmet na Cidade do México, depois de termos sido selecionados para uma feira de produtos ibéricos. Quando este certame acabar, poderemos ser um fornecedor constante para este país.”
O Reino Unido poderá tornar-se no segundo destino de exportação, mesmo que a saída do país da União Europeia seja feita sem acordo. “Só precisaremos de nos adaptar ao formato do brexit.”
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