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Tal como as restantes superfícies, também o chão pode ser um veículo de contágio do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19. E, por isso, muitos têm sido os especialistas a sugerir que as famílias se descalcem antes de entrar em casa. E foi a pensar nisso que a Ropar, a empresa de calçado que detém a marca Arcopedico, se uniu ao CeNTI, o Centro de Nanotecnologia, para o desenvolvimento de solas de sapatos com propriedades antivíricas, que ajudem a combater a pandemia. Uma inovação “inédita no setor” e que chegará em breve ao mercado nacional e internacional.
Na prática, trata-se da incorporação de aditivos com propriedades antivíricas nos componentes que dão origem à sola, sem, no entanto, alterar as características mecânicas do material, o que é fundamental dado tratar-se de um sapato. Mas o CeNTI, a entidade que teve a seu cargo o desenvolvimento das fórmulas, aproveitou para lhe acrescentar, ainda, propriedades antibacterianas e antifúngicas, de modo a travar, também, a transmissão de bactérias e fungos. A solução está criada e está em testes de uso em ambiente hospitalar.
“Estamos a fazer os últimos ensaios, para aferir a durabilidade das propriedades antivirais, antifúngicas e antibacterianas nas solas”, explica a investigadora do CeNTI responsável pelo projeto. Sónia Silva acredita que a durabilidade será “elevada”, na medida em que a solução encontrada passou por adicionar compostos ao material base das solas, injetadas a partir de poliuretano, em vez de recorrer a um simples revestimento, esse sim, “potencialmente com menor durabilidade”.
Na Ropar, em Vila do Conde, trabalha-se já na criação das amostras, incorporando as novas solas em dois modelos da Arcopedico em malha. “Não vamos introduzir, para já, em todos os modelos, queremos primeiro ver a aceitação do mercado, mas estamos confiantes e preparados para, gradualmente, ir alargando o novo material a outros modelos”, explica o diretor executivo da empresa.
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Este é um produto pensado para o consumidor comum. “Com certeza que pode ser utilizado em qualquer espaço, incluindo o hospitalar, mas a Arcopedico é uma marca com uma forte conotação com a saúde e o bem-estar e quisemos desenvolver um produto inovador que fosse ao encontro das preocupações do consumidor com a sua proteção no atual estado pandémico”, diz Elio Parodi.
Por definir está, ainda, o impacto desta inovação no custo final do produto, mas tanto o CeNTI como a Ropar admitem que não é esperado que acarrete grande incremento. “A intenção é não mexer no preço de venda ao público. Essa é a grande mais-valia deste projeto”, defende Elio parodi.
Desenvolvido, ainda, em parceria com o Instituto Nacional de Engenharia Biomédica e o Centro Clínico Académico de Braga, o projeto SM4S – Safety Materials for Shoes é o resultado de seis meses de investigação e representou um investimento de 150 mil euros, apoiado pelo Portugal 2020.
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