//As oportunidades de emprego num país em pandemia

As oportunidades de emprego num país em pandemia

A pandemia do novo coronavírus está a colocar atividades como o retalho alimentar, a saúde e os transportes e a logística sob pressão. Acréscimo de trabalho e colaboradores em quarentena e/ou a apoiar os filhos em casa obrigaram as empresas a reformular os seus planos de recrutamento para dar uma resposta eficaz às atuais necessidades do país.

A Manpower regista neste mês um aumento de 241% nos pedidos de emprego para as referidas áreas face ao homólogo de 2019. Segundo adianta Vítor Antunes, diretor da empresa de recrutamento, “os números demonstram inequivocamente a dinâmica destes setores”. Afinal, “em março de 2019 os pedidos provenientes destas atividades representavam cerca de 18% da totalidade, neste ano pesam cerca de 56%”.

A Randstad verifica um acréscimo de 12% na procura de profissionais para supermercados, farmácias, transportes e agricultura, “o que se reflete num aumento de atividade destes setores e até no aparecimento de novos players que tiveram de recrutar, por exemplo, para entregas ao domicílio”. A empresa sublinha “uma dinâmica” no recrutamento destas empresas “em contraposição a outras que estagnaram por completo”.

O Lidl é uma das empresas que está a recrutar. A retalhista alemã quer 500 colaboradores adicionais para reforçar as lojas e os centros logísticos. “Em apenas cinco dias registámos cerca de 12 mil candidaturas”, adianta Maria Román, diretora-geral de recursos humanos do grupo. “Estas cerca de 500 contratações preveem necessidades nas nossas 258 lojas e quatro entrepostos nacionais causadas pelo aumento pontual da procura, necessidade de assistência à família de alguns colaboradores, pelo facto de os colaboradores em grupos de risco estarem, desde um primeiro momento, em casa, com direito a remuneração.”

O grupo DIA também abriu vagas extra para apoiar os colaboradores nas 576 lojas e três centros de distribuição que o retalhista dono do Minipreço tem em Portugal. Já no Pingo Doce “os processos de recrutamento em curso são os habituais, que decorrem ao longo do ano”, diz fonte oficial.

Depois da corrida dos portugueses aos super e hipermercados – só numa semana foram gastos 250 milhões de euros, mais 30 milhões do que em igual período de 2019 -, muitas cadeias optaram por outras estratégias para assegurar as operações. Reorganização das equipas, compensações salariais, como fez a Mercadona, Auchan e DIA, ou mais horas de descanso para os colaboradores, no caso do grupo Intermarché, têm sido soluções adotadas.

As colheitas
A agricultura é desde há muito tempo um setor com défice de trabalhadores, como lembra Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). A necessidade de mão-de-obra nesta atividade sente-se ainda mais na época das colheitas, que agora se aproxima, particularmente nas frutas e hortícolas.

Nuno Pereira, presidente da Associação dos Horticultores, Fruticultores e Floricultores de Odemira e Aljezur, lembra que “a conjugação do período que se avizinha de pico de campanha da colheita de frutos vermelhos na região e do fecho de fronteiras pode levar a situações pontuais de escassez de mão-de-obra”. Para reduzir essa possibilidade, os associados têm avançado com “períodos de quarentena de novos candidatos, de forma a não expor as suas equipas à presença de novos potenciais colegas”.

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