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A empresa nasceu há três anos com a missão de aliar o “desenvolvimento sustentável ao retorno financeiro” e a aposta revelou-se certeira. A Átomo Capital Partners, que concebe e implementa projetos para clientes empresariais na área das energias renováveis e sustentabilidade prevê, sem revelar a faturação, que a atividade cresça acima de 50% este ano, apesar da muita concorrência. “Há um número imenso de empresas, é um setor em grande desenvolvimento e é neste momento um negócio sexy”, reconhece Miguel Subtil, managing director da empresa.
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A atuar em vários segmentos, o desenvolvimento de projetos para investidores em energia renovável (área designada de utility scale) representa 70% do negócio. “Antes dos primeiros leilões solares de 2019, percebemos que faltava no mercado uma entidade que conseguisse dar um apoio completo a investidores e produtores de eletricidade (muitos deles internacionais)”, diz Miguel Subtil. “Fomos merecedores da confiança de alguns dos principais players do setor logo no leilão de 2019, e a partir daí temos vindo a crescer significativamente. Temos hoje mais de 900 MW de projetos em diferentes estágios de desenvolvimento”, acrescenta, projetos que representam mais de 600 milhões de euros de investimento.
Embora esta área represente, nesta altura, o grosso da faturação, o crescimento da empresa, que emprega 15 pessoas e acabará o ano com 20, será também sustentada noutros segmentos de negócio. “A área de utility scale é madura e será sempre uma aposta. Mas, de facto, temos como objetivo crescer aceleradamente este ano, quer no autoconsumo quer no setor imobiliário”.
Nos projetos de autoconsumo (sempre para empresas), o gestor destaca “um cliente electrointensivo do setor mineiro”, com um investimento de 30 milhões de euros, que será “a maior central solar de autoconsumo da Europa, com cerca de 45 MWp [megawatt-pico]”, garante.
“É um projeto que está em fase de licenciamento, foi já desenvolvida a solução de layout, tendo em conta as necessidades específicas deste cliente, o espaço disponível e todas as restrições existentes – topográficas, ambientais e legais. Neste momento, foi já dado parecer positivo por parte da autarquia, estando em curso o processo junto das restantes entidades”.
Miguel Subtil sublinha que “o autoconsumo está em franco crescimento e é uma das grandes apostas da Átomo para 2023”. No entanto, aponta para algumas dificuldades nesta área, apesar da legislação nacional prever “soluções mais flexíveis como o autoconsumo coletivo e as comunidades de energia, permitindo soluções mais otimizadas e eficiente”.
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“Existem ainda alguns problemas graves nos processos de licenciamento, que terão mesmo de ser resolvidos para que a implementação destes projetos seja tão célere como se pretende”, adianta. E lembra que “a União Europeia tem vindo a pressionar muito para que os processos de licenciamento se tornem mais ágeis, o que tem tido consequência na legislação nacional, embora ainda sem consequências práticas”.
A sustentabilidade nos ativos imobiliários é outra das prioridades. “Acreditamos que o investimento sustentável fará mesmo a diferença e que a integração das questões ESG [Ambiente, Social e Governança] nas estratégias de investimento será a única forma de produzir o impacto pretendido para a transição climática, sem perder o foco no retorno financeiro”. E considera que “os ativos em uso que necessitam urgentemente deste alinhamento representam grande parte das carteiras sob gestão em Portugal”.
Também a mobilidade elétrica apresenta oportunidades. “Temos vindo a desenvolver alguns projetos de carregamento privado e estamos agora a lançar o nosso próprio projeto-piloto de carregamento público. O volume de negócios é ainda razoavelmente imaterial, mas temos estado a estudar o setor há cerca de dois anos, temos um business plan estruturado e estamos a negociar com alguns investidores, conhecedores do setor da mobilidade elétrica na Europa e que pretendem investir em Portugal. Contamos ter novidades para breve”, revela, sem entrar em mais detalhes.
Para o responsável da Átomo Capital Partners, apesar de Portugal estar a evoluir na descarbonização, há ainda muito caminho a percorrer. “Temos um recurso solar fantástico que, a par de Espanha, é o melhor da Europa, mas estamos ainda muito longe dos valores de potência instalada per capita de países como a Alemanha, Bélgica ou Países Baixos”. Para ser bem aproveitado, defende, além de acelerar os licenciamentos, Portugal tem de resolver “alguns problemas sérios relacionados com a capacidade da rede elétrica”.
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